Movimentos Sociais colocam-se contra a condenação de Lula

Líderes de diversos segmentos denunciam caráter ilegítimo da decisão de Moro.

Por Alessandra Monterastelli 

Lula em Amgra dos Reis RJ - Instituto Lula

O ex-presidente Lula foi condenado nesta quarta (12) pelo juiz da primeira instância Sergio Moro a 9 anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Só haverá cumprimento de pena se a segunda instância condenar Lula, e a avaliação da decisão de Moro deve durar cerca de um ano e meio.

Apesar da decisão de Moro, não existem provas suficientes para justificar a condenação. Líderes de diversos movimentos sociais se opuseram à prisão do ex-presidente, deixando claro que o processo e todo o tom com o qual ele foi abordado pela justiça e a mídia evidenciam o momento conservador vivido pelo país.

O líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, publicou nas redes sociais sobre o ocorrido: “Ao condenar Lula sem nenhuma prova, Sergio Moro deixa claro que atua como promotor de toga. Desde o princípio, teve presunção de culpa contra Lula e conduziu o processo como um julgamento político e midiático. É um atalho antidemocrático para tirá-lo da disputa política no tapetão. Inaceitável! ”.

Lucia Rincon, coordenadora nacional da União Brasileira de Mulheres, afirmou que “trata-se de um ato arbitrário próprio de regimes de exceção como o que estamos vivendo, onde predominam as forças conservadoras e o autoritarismo. Consideramos a condenação injusta e sem provas, dirigida para dinamitar as possibilidades dos processos de crescimento econômico do povo pobre brasileiro”.

Andrey Lemos, presidente da União Nacional dos LGBT, relembra em depoimento a relação da condenação injusta com o momento conservador que o país vive após o golpe: “Estamos em uma verdadeira caçada ao direito dos trabalhadores e das minorias sociais. Vivemos um golpe comandado pelos grupos econômicos e pelas elites brasileiras que ao longo das últimas duas décadas vêm se incomodando com o enfrentamento às desigualdades. Existe um projeto de retomada de poder para colocar o povo negro na senzala, as mulheres ao fogão e levar os LGBT de volta ao armário. Lamentavelmente querem grandes lucros e oprimir a população em situação de vulnerabilidade”.