Preso, ex-ministro Geddel frequentava protestos pelo fim da corrupção

A notícia da prisão de Geddel Vieira Lima, na última segunda-feira (03/07), trouxe aos brasileiros lembranças de um passado recente em que o ex-ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer participava ativamente dos protestos anticorrupção, durante o governo da presidenta Dilma Rousseff. Geddel foi preso em Salvador, a pedido da 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília, por atrapalhar investigações que apuram, justamente, atos de corrupção.

O Ministério Público Federal (MPF) identificou a interferência de Geddel nas investigações daOperação Cui Bono, que apura fraudes na liberação de crédito da Caixa Econômica Federal (CEF). O ex-ministro de Temer foi presidente de Pessoa Jurídica da Caixa entre os anos de 2011 e 2013, mesmo período em está concentrado o trabalho investigativo da operação.

Para o MPF, Geddel estava interessado em calar quem possa oferecer informações sobre atos praticados no banco em sua gestão e, por isso, atuou para evitar possíveis delações premiadas do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do doleiro Lúcio Funaro, ambos presos. Ele teria agido de forma a garantir vantagens indevidas e até de constrangimento para que os dois não delatassem.

Contradições

Até pouco mais de um ano, Geddel era um ativo participante das manifestações que pediam a saída da presidenta Dilma como forma de ‘eliminar a corrupção no Brasil’. Nos protestos em Salvador, que aconteciam principalmente no Farol da Barra, Geddel estava sempre ao lado do ex-governador Paulo Souto e dos deputados federais Lúcio Vieira Lima (PMDB) – que também é seu irmão – e José Carlos Aleluia (DEM), como mostram fotos da época.

Em uma das manifestações, em 15 de março de 2015, Geddel chegou a declarar a jornalistas que os protestos eram “o grito de quem está saturado dos problemas envolvendo corrupção, a economia, a Petrobras”. Em outra ocasião, o ex-ministro pediu engajamento popular em “repúdio ao escândalo de corrupção revelado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal”.

As contradições na atuação política de Geddel não são novas. A própria saída dele do governo Temer, no ano passado, se deu porque por questões éticas, quando o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, declarou que estava sendo pressionado por ele para liberar um empreendimento imobiliário na orla de Salvador, que estava embargado e onde Geddel tinha um milionário apartamento.

De Salvador,
Erikson Walla