A Siria destruiu todo o seu arsenal químico

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Síria, Faisal Mekdad, sublinhou, esta segunda-feira, que as “acusações, alegações e mentiras” sobre a utilização de armas químicas pelo seu país servem aos interesses sionistas na região e visam prolongar a guerra.

Siria

O discurso recente, alimentado pelos EUA e seus aliados, sobre o recurso a armas químicas por parte do país árabe visa denegrir a imagem da República Árabe da Síria aos olhos da opinião pública internacional, disse esta segunda-feira (3), numa coletiva à imprensa em Damasco, o representante do governo sírio, que é também o chefe da comissão responsável pelo cumprimento das obrigações no âmbito da Convenção de Armas Químicas.

Mekdad sublinhou ainda que as “alegações” visam igualmente prolongar a guerra, depois dos grandes avanços alcançados pelo Exército Árabe Sírio e seus aliados na luta contra o terrorismo. Neste contexto, acusou os “regimes árabes do Golfo” e as potências ocidentais de “armarem, financiarem, protegerem e apoiarem” as organizações terroristas “às ordens de Israel e dos EUA”.

Também não poupou a vizinha Turquia, afirmando que o governo de Ancara apoiou grupos terroristas na Síria desde o início da guerra de agressão, em 2011. Em todo o caso, o vice-ministro manifestou a abertura do seu governo para dialogar com os delegados da oposição armada presentes na atual ronda de negociações em Astana, capital do Cazaquistão, “porque as autoridades sírias querem uma paz duradoura e estabilidade no país”, informa a PressTV.

Destruição do arsenal químico

Faisal Mekdad disse que as Forças Armadas Sírias já não possuem “armas químicas ou quaisquer materiais tóxicos que pudessem ser usados em operações militares”, acrescentando que a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) reconheceu esse fato. Além disso, afirmou, as equipes de investigação deste organismo sempre se deslocaram a todos os locais que solicitaram, tendo sido bem recebidas pelo governo sírio, revela a agência Sana.

Sobre a destruição do arsenal químico sírio, o vice-ministro explicou que o seu governo solicitou que ela tivesse lugar fora da Síria, “de modo que não restassem dúvidas quanto à sua destruição”, tendo vindo navios da Dinamarca, EUA, Reino Unido, Finlândia e Suécia para levar a cabo esse processo, que foi supervisionado pela OPAQ e pelas Nações Unidas.

Objetivo: acusar o governo sírio

A propósito das “acusações e alegações”, Mekdad lembrou que, um dia depois de os terroristas terem usado gases tóxicos em Khan al-Assal, na província de Alepo, o governo sírio enviou uma carta ao então secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pedindo-lhe uma investigação sobre o incidente.

O representante da ONU, Ake Sellstrom, chegou passados quatros meses e, quando se reuniu com representantes do Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros, nem sequer mencionou o caso de Khan al-Assal, disse Mekdad, acrescentando: “de forma surpreendente informou-nos (…) que tinha conhecimento de um ataque com armas químicas em Ghouta Oriental a 21 de agosto de 2013, e que recebera instruções para dirigir-se até lá.”

Mekdad deixou claro que o governo sírio apoiou a investigação sobre Ghouta Oriental – onde também “era necessário investigar os crimes das organizações terroristas” –, mas lamentou que a missão de investigadores jamais se tenha referido a Khan al-Assal e a outros pontos da Síria.
Ghouta Oriental estava sob domínio dos terroristas e, dessa forma, muitos países árabes e ocidentais apontaram de imediato o dedo ao governo sírio. O que a missão de investigadores então fez é, no entender de Mekdad, “uma prova conclusiva de que o objetivo se centrava na necessidade de acusar o governo da República Árabe da Síria de usar armas químicas”.