China e Panamá estabelecem relações diplomáticas

O chanceler chinês Wang Yi se reuniu nesta terça-feira (13), em Pequim, com a vice-presidente e ministra das Relações Exteriores do Panamá, Isabel de Saint Malo de Alvarado, tendo ambas as partes assinado o Comunicado Conjunto sobre o Estabelecimento das Relações Diplomáticas entre a República Popular da China e a República do Panamá.

China e Panamá

Segundo o comunicado, baseado nos interesses e vontade dos povos dos dois países, a República Popular da China e a República do Panamá decidiram reconhecer e estabelecer relações diplomáticas e o estabelecimento de embaixadas desde o dia de assinatura do documento.

“Os governos dos dois países irão desenvolver relações amistosas com base nos princípios do respeito mútuo pela soberania e integridade territorial, não-agressão mútua, não interferência em assuntos internos, igualdade, benefício mútuo e coexistência pacífica.”

Ainda segundo o documento, a República do Panamá reconhece que existe uma só China e “o governo da República Popular da China é o único governo legítimo em representação de toda a China. Taiwan é uma parte inalienável do território chinês”.

O governo da República do Panamá cortará as “relações diplomáticas” com Taiwan, assumindo o compromisso de não manter relações ou realizar intercâmbios oficiais com Taiwan.

Wang Yi afirmou que o Panamá é um importante país na América Latina e que a China valoriza a amizade com o povo panamense.

“O presidente Juan Carlos Varela e o governo do país tomaram uma decisão política importante que corresponde aos interesses essenciais do seu país e do seu povo, tendo em conta a tendência do desenvolvimento e do progresso da presente era e a aceitação mundial do princípio de uma só China”, disse.

Segundo o chanceler chinês, o encontro com Isabel de Saint Malo de Alvarado foi sincero, amistoso e frutífero. Ambas as partes concordaram que o estabelecimento das relações diplomáticas criará um futuro promissor para a ampliação da cooperação bilateral abrangente de benefício recíproco entre os dois países.

O presidente panamense, Juan Carlos Varela, anunciou em um discurso televisivo, proferido na segunda-feira à noite (12), que o Panamá e a China estabeleceram oficialmente relações diplomáticas.

Considerando o estabelecimento dos laços como "históricos", Varela afirmou que os dois países compartilham pontos de vista comuns sobre a importância da globalização e assumem a responsabilidade da concretização do desenvolvimento global.

"A República Popular da China sempre desempenhou um papel importante na economia do Panamá", disse, acrescentando que a China é o segundo maior usuário do Canal do Panamá e o primeiro fornecedor de bens na Zona de Livre Comércio de Colón.

O vice-presidente da China, Li Yuanchao, disse que a China valoriza o reconhecimento do princípio de "Uma só China" pelo Panamá, e a decisão de estabelecer relações diplomáticas com a China. “O estabelecimento das relações diplomáticas corresponde à tendência e à vontade das populações. A China espera que os dois países reforcem os intercâmbios de alto nível, a confiança mútua, a complementariedade e a cooperação, promovendo o desenvolvimento estável do relacionamento bilateral”.

A vice-presidente panamenha destacou que a nação centroamericana se junta aos 174 países que reconhecem “a política de uma só China”. “Concretizamos hoje um passo importante e vamos começar uma aliança estratégica que resultará em benefício para ambas as nações e povos”, disse Isabel de Saint Malo.

Segundo ela, os países começarão a trabalhar em uma agenda bilateral em matéria de comércio, agricultura, cooperação marítima, entre outros temas. A chanceler ressaltou que o Panamá pretende aumentar o intercâmbio comercial e incrementar as exportações dos produtos panamenhos para a China. As duas nações já mantêm relações comerciais.

Para o chanceler chinês, este é um momento histórico para as relações sino-panamenhas que começam um novo capítulo. “Esta importante decisão tomada pelo presidente [Juan Carlos] Varela corresponde aos interesses nacionais do Panamá e concorda plenamente com a tendência de desenvolvimento de nossa era e com a configuração internacional de uma só China”, disse.

Taiwan

China e Taiwan têm uma divergência de mais de seis décadas por questões de soberania. A China considera a ilha uma província chinesa, enquanto Taiwan se autoproclama um Estado autônomo.

No início de 2016, Taiwan elegeu pela primeira vez uma mulher para presidente. Uma das primeiras medidas adotadas por Tsai Ing-wen foi anunciar que se recusaria a aceitar a noção de uma China unificada sob o comando de Pequim.

O presidente chinês Xi Jinping declarou, em meados do ano passado, que a China não aceitará nenhuma ação voltada à obtenção de independência por Taiwan e se oporá às forças separatistas.