A Polícia Federal entregou uma lista com 82 perguntas para o presidente Michel Temer, na noite desta segunda-feira (5). Temer tem 24 horas para prestar esclarecimentos referentes ao áudio vazado da conversa dele com o empresário Joesley Batista, dono da JBS. No entanto, como definiu o ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, o presidente não é obrigado a responder as perguntas.

No âmbito das perguntas enviadas pela PF a Temer, Janot, acusa o presidente de corrupção, organização criminosa e obstrução à justiça, com base nas delações premiadas de executivos da JBS. A denúncia inclui entre as provas justamente a gravação na qual o presidente parece dar seu aval ao pagamento de suborno a Eduardo Cunha.

Dentre os questionamentos da Polícia Federal, Temer vai precisar explicar a afirmação “tem que manter isso, viu?”, ao ouvir de Joesley a afirmação de que o empresário estava “de bem com o Eduardo” Cunha. Além disso, Temer também deve esclarecer a forma que agiu após o dono da JBS afirmar na conversa que está “segurando os dois”, ou seja, exercendo na atuação de magistrados que atuam na investigação contra ele mesmo.

Temer também deve explicar sua relação com o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures, flagrado ao receber mala com R$ 500 mil de um executivo da JBS; o encontro dele com Joesley no Jaburu; a empresa Rodrimar, que atua no Porto de Santos e que, segundo procuradores do MPF, pode ter sido beneficiada em um decreto de Temer; e a relação de Temer com o coronel João Batista Lima Filho, apontado por delatores da JBS como intermediário de valores pagos ao presidente.

O envio das perguntas acontece em meio à grave crise que o governo de Temer atravessa, inclusive com o início do julgamento da cassação da chapa Dilma-Temer, nesta terça-feira (6), no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).