EUA tentarão ocupar certas porções da Síria ao fim da guerra

É duvidoso que os EUA retirem suas tropas da Síria quando a devastadora guerra de seis anos estiver terminada, disse o ex-analista-chefe de política de segurança da Secretaria da Defesa dos EUA, Michael Maloof.

Síria bandeira - Foto: Hassan Ammar/AP

"O presidente [Bashar Assad] quer recuperar toda a Síria, mas acho que a realidade é que nunca vamos ver a mesma Síria que tínhamos antes da guerra civil. Os EUA vão querer ocupar certas porções. A Síria não será um Estado autônomo como era antes. Na minha opinião, o que está acontecendo é a divisão em porções. Os curdos vão querer tomar posse de alguns territórios. A Rússia propôs no passado, apesar das objeções de Assad, criar uma região autônoma no norte do país, mas a Turquia nunca o aceitará. Então, esta luta vai continuar. O futuro da Síria como Estado autônomo permanecerá uma grande questão durante muitos anos", disse o analista.

Ele também comentou a decisão recente de Washington de armar os curdos da Síria, dizendo que este ato afetaria as relações entre os EUA e a Turquia por bastante tempo e a política de Ancara na Síria.

"Acho que podemos esperar ações imprevistas da parte da Turquia como consequência [da ajuda militar do Pentágono às Forças Democráticas da Síria (FDS) ]", disse ele. Acho que vamos acabar por ver o deslocamento das tropas turcas para o norte da Síria como resultado desta decisão, pois a Turquia não quer que os curdos ocupem esta área e criem sua própria região autônoma".

Maloof também disse que Washington não teve outra opção, independentemente da posição turca quanto ao assunto, porque os curdos são praticamente as melhores forças terrestres para combater o Estado Islâmico.

Além disso, o analista expressou dúvidas de que Washington vá fornecer armas a outros grupos que lutam contra o Estado Islâmico na Síria.

"Não acho que isso vá acontecer. Creio que o presidente Trump quer tentar cooperar com os russos para estabelecer o cessar-fogo na Síria. Tentativas de fornecer armas a outros grupos, muitos dos quais pertencem ao Exército Livre da Síria (ELS), vão somente perpetuar o conflito na Síria, sendo seu objetivo final destituir o presidente Assad. Isso não faz parte da política norte-americana", sublinhou ele.