Augusta Brito homenageia Gilse Cosenza

Em pronunciamento realizado na Assembleia Legislativa na última quarta-feira (31), a deputada estadual Augusta Brito (PCdoB) lamentou a morte da comunista Gilse Cosenza. Em seu discurso, a parlamentar enalteceu a trajetória da mineira que adotou o Ceará, citando seu pioneirismo e sua luta em defesa dos direitos do povo brasileiro. Leia a seguir a íntegra do pronunciamento:

Gilse Cosenza - Foto: Arquivo da família

Sr. Presidente, Senhoras e Senhores Deputados.

Faleceu neste domingo, dia 28, em Belo Horizonte, aos 73 anos, uma das mais aguerridas militantes pelos direitos do povo brasileiro: a feminista Gilse Cosenza. Quero fazer hoje uma modesta homenagem à tão grande comunista, que reorganizou o meu Partido, o PCdoB, no Ceará. Em tempos difíceis, torna-se mais importante enaltecer os atos dos que lutaram e lutam pela liberdade.

Gilse é daquelas pessoas que estão sempre à frente de seu tempo. Foi a primeira mulher a vestir calças compridas na PUC de Minas Gerais. Depois dela, calças compridas também passaram a ser coisa de mulher. Foi a primeira mulher a casar vestida de mini-saia branca, depois de uma breve negociação com o pai, pois ela queria azul. Foi uma das primeiras, na capital mineira, a passear de lambreta. Foi a primeira a ocupar cargo de vice-presidenta do DCE da PUC mineira. Foi a única mulher, na lista de 17 estudantes da Universidade Católica, que deveriam ser presos. Sobre ela, pesava, além de progressista, a acusação de ser muito inteligente, por ter passado em primeiro lugar no curso de Serviço Social com nota acima de 9,5.

Digo isso, senhoras e senhores Deputados, também para compreendermos como nossos direitos, os direitos das mulheres, historicamente foram, e continuam sendo, negados. Estas conquistas que citei só ocorreram há pouco mais de 50 anos.

Gilse também foi pioneira no nosso Ceará. Foi a primeira mulher presidenta de uma agremiação política na terra de Bárbara de Alencar, presidindo nosso Partido por mais de uma década. Conjuntamente com outras mulheres e homens emancipacionistas, Gilse organizou a União Brasileira de Mulheres (UBM) no Estado do Ceará.

Gilse Cosenza foi presa em 1968, quando sua primeira filha tinha apenas 7 meses de vida. Cumpriu pena de dois anos, grande parte na solitária, sofreu todos os tipos de torturas, físicas e psicológicas. Felizmente, sua filha estava protegida por sua irmã, Gilda, e seu cunhado, o cartunista Henfil. Trabalhando em fábricas e no campo, nunca fugiu das batalhas. Foi durante suas jornadas que nasceu Gilda, sua segunda filha.

Gilse foi militante da Juventude Católica, da Ação Popular e, por último, do PCdoB. Viveu sempre lutando por liberdade, pelos direitos das mulheres e por um Brasil soberano e justo. Terminou seus dias lutando contra um câncer que perdurou por dez anos.

Aqui fica a homenagem da bancada do PCdoB na Assembleia Legislativa, da Deputada Augusta Brito e do Deputado Carlos Felipe.

A mais cearense das moças mineiras, Gilse Maria Westin Cosenza.