Embate sobre reforma trabalhista mostra que governo perdeu força

O governo bem que tentou impor um falso clima de normalidade ao seu governo, como se não pesasse nenhuma acusação contra Michel Temer e que este tivesse condições de se manter no governo.

Sessão do CAE reforma Trabalhista - Agência Senado

O embate foi intenso. A oposição, apesar de minoritária, resistiu às investidas da frágil base aliada que, por sua vez, não demonstrou força para reagir. Com exceção de alguns poucos parlamentares mais histéricos da base aliada, que estavam na verdade inconformados com os fatos que envolvem Temer, poucos tentaram manter a estratégia do governo e a oposição conseguiu paralisar parcialmente as atividades legislativas.

No Senado, a discussão da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) terminou sem a leitura do relatório da reforma trabalhista pelo senador Ricardo Ferraço (PSDB-PR).

Depois de dizer que as atividades sobre a reforma trabalhista estavam suspensas por conta da crise do governo Temer, Ferraço tentou atender aos apelos do governo e acelerar o processo. Numa votação apertada, de 13 votos a 11, a comissão decidiu ler o relatório.

Após muito bate-boca e empurra-empurra, senadores da oposição formaram um cordão em frente à mesa para impedir a leitura do relatório, argumentando que a medida era uma tentativa de blindar o governo. Populares que estavam na reunião também se manifestaram gritando “fora, Temer!”.

Em seguida, apenas senadores puderam ficar na sala. O presidente da comissão, Tasso Jereissati (PSDB-CE), reabriu a sessão e deu como lido o texto, mas saiu da reunião sem falar com os jornalistas.

“Fizeram isso para garantir as manchetes dos jornais de amanhã. Querem dizer que Temer é frágil, mas aprova as reformas. Era o recado que eles queriam passar para o mercado. Estão usando o Senado em uma manobra”, denunciou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

O relatório tem que passar ainda pela Comissão de Constituição e Justiça e Comissão de Assuntos Sociais antes de ir a plenário. Mas os planos do governo já foram para o espaço. Temer queria aprovar a reforma trabalhista até meados de junho. Diante da crise, o cronograma deve ser alterado.

Diante desse cenário, Temer se reuniu com a bancada do PMDB no Senado. Dos 22 senadores que o partido tem, 16 participaram do encontro, de acordo com o Planalto.

Renan Calheiros, líder da legenda na Casa que chegou a pedir a renúncia de Temer durante a sessão do CAE, não foi convidado para o encontro.