Penélope Toledo: O grande momento do futebol

Numa coisa os rivais concordam: o gol é o grande momento do futebol. O drible desconcertante, o toque de bola impecável, o passe milimétrico, o jogador que não se entrega, tudo isto nos enche os olhos. Mas o gol, ah, o gol é o momento da explosão, do grito, do abraço, da festa.

Por Penélope Toledo*

Jogadores do Bahia comemoram mais um gol contra o Atlético Paranaense na goleada de 6 a 2

É prematuro dizer se este Campeonato Brasileiro vai ser dos artilheiros, mas começou bem. Só na primeira rodada, a bola balançou a rede 33 vezes, média de 3,3 gols por jogo, o maior saldo dos últimos 10 anos e a 2ª melhor estreia na era dos pontos corridos – perde para 2007.

Bem diferente do ano passado, quando os times largaram com a média pífia de 1,4 gols por jogo e o campeonato entrou para a História como o 3º pior de 2013 para cá, na frente apenas das edições 2014 e 2015.

Gols x público

A chuva de gols da abertura da competição, entretanto, ainda não convenceu a torcida, que compareceu timidamente às arquibancadas na segunda rodada, disputada neste fim de semana. Pouco mais de 100 mil pagantes foram aos estádios.

A torcida que mais marcou presença foi a vascaína, na vitória sobre o Bahia – que, aliás, foi o clube que ajudou fortemente na alta média de gols da estreia, ao vencer o Atlético-PR por 6 a 2. Foram 17.770 pagantes em São Januário, enquanto seu arquirrival, Flamengo, clube mais popular do país, goleou o Goiás diante de cerca 9000 torcedoras/es no Serra Dourada.

Escassez de bolas na rede

Muitos motivos incidem sobre as baixas médias de público – valor do ingresso, horário dos jogos, tratamento dispensado às torcidas, campeonatos enfraquecidos com a evasão dos craques para o exterior e até o frio do inverno. Mas, inquestionavelmente, a escassez de gols está entre os líderes.

No futebol-resultado, o medo de sofrer revés é maior do que a vontade de ganhar, o que em muitas vezes proporciona partidas frias e monótonas, times retranqueiros, placares magros. Evidência disto é o estadual mais competitivo do país: campeão paulista, o Corinthians se classificou para as quartas de final com apenas 5 gols de saldo em 12 jogos.

As formações táticas são, predominantemente, recuadas. E quando um time ousa jogar com três atacantes, como fez o Botafogo contra o Barcelona do Equador na Libertadores, é duramente criticado.

O grande momento do futebol

“Tem que jogar com o regulamento debaixo do braço”, defendem, referindo-se a fazer estritamente o que é necessário e nada além. Ou a terrível variante: “Um a zero vale os mesmos três pontos de uma goleada”.

Não é verdade. Não são só os pontos que arrastam as multidões aos estádios. As pessoas vão em busca da alegria, a alegria que é traduzida no amor ao clube, no espetáculo dentro de campo e nas arquibancadas, nas redes balançando. Gol é alegria e a gente tem precisado sorrir.

*Comunista, jornalista com passagem pelo jornal Lance!