Repercussão internacional: “Brasil mergulha em novo caos político”

Jornais europeus destacam que gravação envolvendo Michel Temer em corrupção pode acelerar fim de sua presidência. “O destino, zombando, agora prepara o caminho para sua renúncia”, escreve diário italiano. “Mesmo antes das últimas acusações, o governo Temer já estava em crise”, aponta o jornal inglês The Guardian.

Jornais internacionais

Depois da revelação de um áudio em que Michel Temer dá seu aval à compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, jornais da Europa destacam nesta quinta-feira (18) mais um período de turbulências na política brasileira. Correspondentes usam o mesmo tom ao afirmar que, caso o teor das gravações seja comprovado, o presidente acabará deixando o poder.

Le Monde, França: “Presidente Temer é manchado com novas revelações”

Neste novo episódio de uma saga iniciada em 2014 com a deflagração da Lava Jato, o Brasil corre o risco de mergulhar em um novo caos político e econômico. O país, que mal começou sua recuperação de uma recessão histórica, poderá voltar a sofrer a ira dos mercados financeiros, preocupados com o bloqueio das reformas prometidas por Michel Temer.

La Repubblica
, Itália: “Tempestade política no Brasil”

Desta vez não se trata de uma das revelações habituais, que anunciam outros escândalos e novas prisões. Desta vez é diferente. O impacto político é reforçado pela presença de uma prova em áudio que registrou um claro ato corruptor. No nível institucional mais alto. O PT, juntamente com outros partidos de oposição, anunciou que entrou com um pedido oficial de impeachment contra o presidente do Brasil. Um bumerangue. Foi o mesmo Temer, à época vice-presidente, que liderou com Cunha a batalha pela destituição de Dilma Rousseff. O destino, zombando, agora prepara o caminho para sua renúncia. Voluntária ou forçada. Negar ou minimizar aquelas frases tomadas por uma caneta-gravador será difícil. Talvez impossível.

The Guardian, Reino Unido: “Gravações explosivas implicam Temer em suborno”

A política provavelmente vai ficar ainda mais paralisada – mesmo antes das últimas acusações, o governo Temer já estava em crise. Três de seus ministros foram forçados a se demitir, e outros oito estão envolvidos nas investigações de corrupção da Lava Jato. Os índices de aprovação do presidente caíram para apenas um dígito, a economia permanece atolada em recessão, e os opositores organizaram recentemente uma greve geral em protesto contra suas políticas de austeridade e propostas de mudanças nas leis de aposentadorias, trabalhistas e ambientais. A possibilidade de o Brasil derrubar outro presidente ficou mais próxima, embora a coalizão governista tenha uma grande maioria no Congresso.

El País
, Espanha: “Gravação em que Temer obstrui a Justiça estremece o Brasil”

Se o que O Globo noticia for confirmado, isso arrastaria o governo de Michel Temer para a beira do abismo. Temer só chegou ao poder porque concordou com o trâmite do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, da qual foi vice-presidente. Exatamente ele assumiu as funções da presidência um ano atrás, completado nestes dias. Desde então, não foi capaz de despertar no eleitorado praticamente nenhuma simpatia que lhe garantisse estabilidade no cargo. Sua aposta na austeridade, com a qual pretende tirar o país da pior recessão em décadas, ganhou como resposta duas greves gerais e muitas manifestações. Seu governo se viu implicado em uma série de escândalos de corrupção, que foram minando sua já fraca popularidade.

Handelszeitung
, Alemanha: “Presidente brasileiro Temer extremamente comprometido”

A mídia fala em uma “bomba que explode sobre o país”. O presidente Michel Temer teria ajudado a silenciar com dinheiro um cúmplice em um escândalo de corrupção.

Segundo O Globo, durante uma reunião com empresários investigados por corrupção, Temer teria dado luz verde para silenciar com pagamento de dinheiro o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que se encontra preso. Em comunicado, o governo afirmou que Temer nunca propôs pagamentos para comprar o silêncio de Cunha. A reunião em si foi confirmada, tendo ocorrido no início de março.