Farc e ELN denunciam paramilitares como obstáculo para processo de paz

Delegações das duas principais guerrilhas da Colômbia, Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo) e ELN (Exército de Libertação Nacional) estiveram reunidos em Cuba com o presidente Raúl Castro, nesta quinta-feira (11), para tratar o avanço do processo de paz com o governo colombiano. Na ocasião, denunciaram o quanto o paramilitarismo representa uma ameaça à paz sólida e duradoura.

Reunião das Farc e ELN com Raúl Castro - Estúdio Revolução

Cuba além de ter sido palco para as mesas de diálogo do governo de Juan Manuel Santos com as Farc, tem apoiado desde o princípio as medidas tomadas para dar fim à guerra de mais de meio séculos. O presidente Raúl Castro teve conversas individuais com as duas guerrilhas e ao final das reuniões reafirmou seu apoio ao processo de paz. 

As Farc já estão numa etapa mais avançada que o ELN da negociação e começou o desarmamento. Segundo Raúl, este é um “importante passo para a construção de uma paz estável e duradoura na Colômbia e para a consolidação da América Latina e do Caribe como Zona de Paz”.

O comandante em chefe das Farc, Timoleón Jiménez, expressou a satisfação da guerrilha pelos resultados do encontro em Havana e reiterou sua disposição em cumprir com os compromissos assumidos no acordo de paz firmado com o governo colombiano no ano passado.


Nicolás Rodríguez e Timoleón Jiménez
 

Já o membro do Comando Central do ELN, Nocolás Rodríguez, denunciou que a violência armada da extrema-direita é o “obstáculo mais grave” para a implementação da paz. Segundo ele, o Estado tem grande responsabilidade neste “grave fenômeno” e destacou a quantidade de líderes comunitários que foram assassinados pelos paramilitares nos últimos meses, durante o avanço das negociações com as guerrilhas.

“Até agora, não vemos vontade de uma luta frontal por parte do Estado e do governo contra o paramilitarismo”, disse Rodríguez. “A paz não pode ser retórica, mostrar feitos concretos é essencial”.

Este foi o primeiro encontro público entre as Farc e o ELN, que escolheram a capital cubana para compartilhar as experiências sobre seus respectivos processos de paz. Havana também sediou durante quase quatro anos o diálogo de paz entre as Farc e o governo colombiano.

As duas guerrilhas divulgaram declaração conjunta ressaltando que mantêm “objetivos comuns, com caminhos diferentes, porém complementares, com o de buscar que a sociedade tenha uma função protagonista no alcance da paz”. As guerrilhas também afirmam que coincidem na disposição de “tornar os direitos das vítimas o cerne da busca pela paz”. “Buscaremos que o presente esforço pela solução política envolva as distintas forças que participam do debate para as eleições de 2018 e trataremos de evitar que os chamados à guerra que faz a extrema-direita revertam este impulso por alcançar um novo país com igualdade”, diz a declaração.