Feira Nacional da Reforma Agrária recebe público de 170 mil em SP

Foram quatro dias de intensa movimentação no Parque da Água Branca, em São Paulo, 170 mil pessoas passaram pela 2ª edição da Feira Nacional da Reforma Agrária, que comercializou mais de 280 toneladas de produtos vindos dos acampamentos e assentamentos de todas as regiões do país.

Feira Nacional da Reforma Agrária recebe público de 170 mil em SP - MST

Entre alimentos in natura e agroindustrializados, foram mais de 600 itens que trouxeram para a maior capital do país, uma mostra da diversidade e riqueza da vida no campo.

Entre milhares de pessoas que visitaram a Feira estava Leonor Marques, moradora do bairro de Bela Vista, em São Paulo, que visitou a primeira edição da Feira, em 2015. Para ela, a Feira é um grande exemplo que precisa acontecer mais vezes. “Espaços como esses fazem a gente enxergar que o Sem Terra produz muita coisa e o mais sensacional: produz sem o uso de agrotóxicos. Precisamos que o que vimos aqui aconteça em todos os estados e nos municípios”.

Entre os diversos produtos que Leonor levou para casa, ela carregava com cuidado uma muda de limão. “Gostei ainda mais dessa edição pela venda de mudas, estou levando uma muda de limão para cultivar em casa. É o limão-vinagre, quando era criança tomávamos muita limonada e era sempre desse tipo de limão. Vou poder ter em casa o gostinho da minha infância”, disse.

Para Antônia Ivaneide, a Neném, do Setor de Produção do MST, a Feira Nacional em São Paulo cumpriu, mais uma vez um importante papel ao dialogar com milhares de pessoas sobre a importância e a necessidade da efetivação da Reforma Agrária, voltada à produção de alimentos para o abastecimento da sociedade.

“Nossa Feira em São Paulo tem um significado muito grande, a materialidade da nossa luta e expressa nos produtos comercializados nos quatro dias uma aproximação da população de São Paulo com a Reforma Agrária Popular e com a luta do MST, um diálogo das ideias e também das nossas práticas. Mesmo sem a cobertura da grande imprensa, o povo de São Paulo veio para a Feira e superamos nessa edição o número de público da nossa Feira em 2015”, explicou Neném.

Pelos corredores da Feira, que reuniam as diversas barracas vindas dos 23 estados e do Distrito Federal, os visitantes encontravam toda a diversidade da vida no campo e, nas sacolas e carrinhos cheios, levavam para casa um pouco dos frutos da luta pela terra.

Melissa Vargas, de 11 anos, que esteve na Feira acompanhada de seu pai, Roberto e de seu irmão mais novo, Antônio, ficou animada com o que viu. “A Feira está muito legal, vi muita coisa bonita. Em uma das barracas vi um artesanato, era um quadro de palha, que achei muito bonito, além da música, vi uma apresentação muito animada que gostei bastante”. Melissa, junto com o pai e o irmão, levaram para casa castanha, abacaxi, batata doce e farinha de mandioca.

O casal Eva Pavanelli e Roberto Valsi arrastavam um carrinho cheio de produtos. Eles também visitaram a primeira edição da Feira e ficaram impressionados com a dimensão do segundo evento. “Isso aqui está uma maravilha. Tem muita variedade de produtos, estamos levando várias coisas do Nordeste do país, doce de genipapo, rapadura com mamão, fubá de milho livre de veneno e mel”, relatou Eva.“Essa Feira traz uma ideia maravilhosa do que é o MST, da vida nos assentamentos e da produção camponesa. Venho para comprar alimentos, mas também para prestigiar essa iniciativa”, comentou. Após as compras o casal seguiu para uma das cozinhas da Culinária da Terra, que comercializava pratos de todas as regiões.

O pernambucano que mora em São Paulo há 20 anos, Carlos Vieira, soube da Feira pelos amigos e redes sociais e veio conferir. Levou para casa mel, geleia e uva. “Fiquei impressionado com a quantidade de gente aqui na Feira e pela diversidade de produtos. Fico muito animado em ver tudo isso e saber que nesses alimentos não têm veneno.”

Emílio Gustavo destacou o preço dos produtos na Feira, “tem bastante variedade de produtos e com preços muito bons. Produtos que a gente não encontra no centro de São Paulo, estou levando mel puro, coisa que dificilmente encontraria nas feiras aqui na cidade”, comentou Gustavo.

A Feira encerrada na noite deste domingo, contou em sua programação, além da comercialização da produção dos assentamentos, acampamentos e cooperativas da Reforma Agrária, atividades culturais, espaços de debate e uma feira literária. Ao todo mais de 200 pessoas participaram das equipes de trabalho que possibilitaram a realização dessa atividade.

“Essa Feira é uma mostra do que temos de produção em nossos estados, do que cotidianamente produzimos nas nossas áreas e da nossa resistência”, reforçou Neném. Com a realização da 2ª Feira Nacional, hoje a nossa produção tem um novo olhar e dimensão para milhares de pessoas que por aqui passaram”.