Temer, em evento do Bank of America, diz ao capital rentista: Pode vir

Durante seu discurso na abertura do 10º Brazil Conference do Bank of America Merril Lynch, nesta quarta-feira (29), Michel Temer disse que já deu duas reformas – a do Ensino Médio e do congelamento de gastos por 20 anos (Emenda Constitucional 95) – e que tem a convicção de que as reformas da Previdência e trabalhista serão aprovadas brevemente e, portanto, o capital estrangeiro pode vir.

Temer Bank of America - Planalto

“Aos investidores digo que podem investir. Estamos colocando o país nos trilhos. A quem vier depois de mim, os trilhos já estão colocados”, declarou na capital paulista.

Apesar de todas essas garantias, Temer admitiu que a aprovação não será o passeio que esperava, já que encontra resistência das centrais sindicais e de membros da sua base aliada. Disse que é possível negociar pontos do texto, que antes dizia ser impossível. Ele citou as regras que podem ser diferentes para trabalhadores rurais e os benefícios recebidos por deficientes.

“[A reforma] não vai prejudicar ninguém, há um ou outro fato, a questão dos trabalhadores rurais, a questão dos deficientes que, eu compreendo, nós podemos ainda negociar de molde a aprovar uma reforma previdenciária”, afirmou Temer.

Ele voltou a dizer que a aprovação da reforma é essencial para a sustentabilidade financeira do país, pois sem as mudanças, o Brasil vai paralisar em sete anos.

“Se não se fizer essa reforma agora, daqui a três anos teremos que fazer, senão daqui a sete paralisamos o país”, afirmou. Mas em seguida, contrariou a sua declaração ao afirmar que “não é bem verdade” que, se a reforma não for aprovada, a economia do país vai “para baixo”.

“Hoje é interessante que se centralizou, digamos assim, a ideia de que ou faz a reforma da Previdência ou a economia vai para baixo. Não é bem verdade isso, não. Agora, se nós fizermos a reforma da Previdência a economia continuará subindo”, disse.

Diferentemente de discursos anteriores e da propaganda do governo, Temer disse que a “economia não decolou por inteiro”. Peças publicitárias em rádio e TV dizem que o governo venceu a recessão.

Temer disse que há necessidade de um “certo contingenciamento” nas contas públicas “ou de outro gravame qualquer”, mas que essas medidas serão transitórias. O tal “gravame qualquer” citado por Temer é o corte efetivo no orçamento de 2017 e de outras medidas, como impostos, para cobrir o rombo identificado de R$ 58 bilhões, para além do deficit já previsto de R$ 139 bilhões.