Exposição no MIS/Campinas celebra 95 anos do PCdoB

Mais de uma centena de pessoas participaram da abertura da exposição “95 anos do Partido Comunista no Brasil e em Campinas”, realizada na noite de 28 de março no Museu da Imagem e do Som de Campinas (MIS). Mas o destaque especial foi a participação dos familiares dos comunistas Braulio Mendes Nogueira, Djalma Moscoso, Victório Chinaglia, Amadeu Causo, e Ana de Oliveira filha da militante Ada de Oliveira. A exposição fica em cartaz até 06/04.

cartaz expo campinas - arte: Chris Garcia

A primeira versão desta exposição, tratando exclusivamente da história nacional do PC do Brasil, ocorreu no Congresso Nacional em março de 2012. Foi resultado de anos de pesquisa. Entre os seus elaboradores esteve Wladimir Sachetta – um dos principais pesquisadores de imagens do país, chefe de pesquisa da coleção Nosso Século da editora Abril Cultural.

A nova edição da exposição traz duas novidades. A primeira delas é que foi atualizada até 2017, perfazendo os 95 anos da história do PCdoB. A segunda é que foram acrescentados oito banners tratando especificamente da trajetória dos comunistas em Campinas entre 1945 e 2002. Esta última parte, elaborada por um grupo de pesquisadores de cidade, traz imagens pouco conhecidas, como os comícios de Prestes no Largo do Rosário e no antigo Teatro Municipal em 1945.

A exposição apresenta outros fatos históricos locais. No final de 1947, mesmo na ilegalidade, o Partido Comunista elegeu quatro vereadores. Três deles eram líderes operários. Entre os eleitos estava Vera Pinto Teles, a primeira mulher a ocupar tal posição. O ferroviário Américo Brancaglion foi o mais votado naquele pleito e o médico Djalma Moscoso se tornou primeiro secretário da mesa da Câmara Municipal.

O conjunto com 36 banners apresenta personagens e episódios que atestam a presença dos comunistas na história brasileira. Mesmo sob a mais férrea perseguição, eles continuaram atuando e defendendo suas bandeiras. O PC do Brasil esteve à frente da luta contra o fascismo nas décadas de 1930 e 1940. Fato que lhe deu um grande prestígio social e político. Ele se envolveu em campanhas nacionalistas: “Em defesa da siderurgia nacional” e “O petróleo é nosso!”. O resultado desta luta foi a criação da Petrobras e a CSN.

A cultura brasileira também muito deve aos comunistas. Pelas suas fileiras passaram nomes como Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Portinari, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Gianfrancesco Guarnieri, Oduvaldo Vianna Filho etc.

Os comunistas dirigiram as principais greves até 1964. Muitas conquistas sociais e trabalhistas, como o 13º salário, estão ligadas a esses movimentos contestatórios. Combateram a ditadura militar, advogando a anistia ampla, eleições diretas e a Assembleia Nacional Constituinte. Nos anos de arbítrio, o PCdoB viu morrerem assassinadas dezenas de dirigentes e militantes. Mais de 60 deles continuam desaparecidos.

Nos seus primeiros 63 anos de vida (1922 e 1985) o Partido Comunista conheceu apenas quatro anos de legalidade. A maior parte do tempo foi obrigado a atuar na clandestinidade. Desde 1985, com a redemocratização do país, a legenda vive seu período mais longo de legalidade. Voltou a assumir posições no poder legislativo, elegendo deputados e senadores, e no poder executivo. Com a vitória de Lula, pela primeira vez, passou a ocupar cargos no primeiro escalão da República. Hoje dirige a prefeitura de uma capital, Aracajú, e o governo de um estado: o Maranhão.

Serviço:
Exposição: “95 anos do Partido Comunista no Brasil e em Campinas”
Período: 28 de março a 6 de abril
Local: Museu da Imagem e do Som de Campinas – Rua Regente Feijó, 859 – Centro
Realização: Fundação Maurício Grabois e Comitê Municipal do PCdoB de Campinas
Apoio: Museu da Imagem e do Som e Museu da Cidade da SMCC