Ao sancionar anistia a emissoras, Temer cobra por 'realidade dos fatos'

Durante cerimônia que sancionou lei aprovada pelo Congresso Nacional que dá anistia as emissoras que perderam o prazo para renovação da concessão e amplia os prazos de solicitação de renovação das concessões, Michel Temer cobrou da imprensa que faça uma cobertura pela "realidade dos fatos".

Temer - Beto Barata/PR

Sem citar especificamente um caso específico, como quem manda um recado, Temer disse que quer a divulgação da "realidade".

"Embora esteja comemorando este momento, que é de reforço da imprensa livre, reforço da comunicação, estou fazendo um apelo para que a realidade dos fatos seja convenientemente divulgada. E, especialmente quando erros ou equívocos se verificarem, esses equívocos sejam denunciados", declarou ele.

Enigmático, Temer afirmou que um "comunicador" disse a ele que gostaria de "ajudar" o governo e que, nesta conversa, respondeu à pessoa ela ajudaria se mantivesse o "compromisso com os fatos".

"É isso o que a imprensa tem que fazer. Não tem que privilegiar, tem que retratar adequadamente os fatos", afirmou ele, destacando ainda que o governo dele não toma medidas "populistas" e que o reconhecimento às ações da atual gestão virão no futuro. Esse discurso tem sido usado por Temer para defender as reformas, principalmente a trabalhista e da Previdência que tem forte rejeição popular.

"Esse governo não vai desfrutar das medidas que estamos realizando, mas os senhores verão, algum tempo depois, [que] o desfrute será reconhecido. Mas, para tanto, é preciso que haja esclarecimento. Não é propagar no sentido de propaganda do governo, é preciso esclarecer, esclarecer, por exemplo, a importância do teto de gastos", disse Temer.

Temer deve estar chateado porque a Justiça Federal determinou, em decisão liminar, a suspensão da veiculação de todas as peças de propaganda do governo sobre a reforma previdenciária, por considerar que a peça fere os princípios democráticos.

“Pois traz consigo a mensagem à população de que a proposta de reforma da previdência não pode ser rejeitada e de que nenhuma modificação ou aperfeiçoamento possa ser feito no âmbito do Poder Legislativo, cabendo apenas o chancelamento das medidas apresentadas”, apontou a decisão do tribunal.

A julgar pelo discurso de Temer na cerimônia, ele espera que a imprensa faça a propaganda de defesa das suas medidas. Por outro lado, o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Paulo Tonet Camargo, comemorou a sanção da medida provisória.

“Hoje, o setor de radiodifusão comemora o maior avanço legislativo dos últimos anos. A sanção era aguardada ansiosamente por aqueles que há muito esperam uma simplificação dos processos. Essa é uma demonstração cabal do governo no rumo da desburocratização”, disse.