Carne Fraca deixa mais evidentes erros da PF, MP e Judiciário

Caso de corrupção foi transformado em questão de saúde pública.

Kennedy Alencar

Kennedy Alencar

O balanço de uma semana da Operação Carne Fraca deixa evidente que um caso de corrupção de fiscais por empresas foi transformado numa questão de saúde pública por erro da Polícia Federal em geral e do delegado Maurício Moscardi Filho em particular.

É fato que políticos insatisfeitos com a Lava Jato viram uma oportunidade em equívocos da Carne Fraca para fazer queixas em relação às investigações. Mas a Lava Jato está cheia de excessos e abusos de autoridade. Isso é ruim para a própria investigação.

E não adianta culpar os políticos por erros que foram cometidos por policiais, procuradores e o juiz Sergio Moro. É necessário espírito crítico em relação aos políticos e empresários corruptos, mas também em relação aos aplicadores da lei.

Nesse contexto, voltando à Carne Fraca, o que houve nessa operação foi um tom de espetáculo preparado com espírito de marketing. A ação aconteceu exatamente no aniversário de três anos da Lava Jato. Houve enfoque na qualidade da carne de modo a causar forte impacto. Causou.

Causou tanto que vai prejudicar as exportações do Brasil, vai afetar a geração de empregos e levou desconfiança aos brasileiros de modo geral.

É fundamental dar segurança à população sobre a qualidade dos produtos que ela consome. Mas é óbvio que a forma como a operação foi executada e divulgada trouxe prejuízo ao Brasil. Houve um efeito global.

O combate à corrupção é fundamental. Criticar erros de quem investiga ajuda a melhorar a qualidade das apurações. A Carne Fraca expôs de maneira mais nua e crua esse pendor pelos holofotes que tem seduzido policiais, procuradores e magistrados de todas as instâncias.