Metroviários de SP e a greve: “Demos visibilidade à luta"

Wagner Fajardo, um dos três coordenadores gerais do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, fala sobre a greve desta quarta (15).

Por Patrícia Cornils, no site Previdência, Mitos e Verdades

Metroviários tiveram participação efetiva na greve contra a reforma da Previdência

Como foi a decisão de entrar em greve neste Dia Nacional de Mobilizações e Paralisações?

Wagner Fajardo: Há quase um mês estamos debatendo com a categoria. Antes de decretar a paralisação, na assembleia de ontem, fizemos duas outras assembleias. Sabíamos que a paralisação iria repercutir em outras categorias. Por isso, na penúltima assembleia, decidimos chamar todo o movimento sindical, todas as forças que são representadas na nossa diretoria: CTB, CUT, CSP-Conlutas, Intersindical, Unidos para Lutar, independentes. Na reunião, no sindicato, compareceram mais de 20 entidades. Foi gratificante ver o grande respeito do movimento sindical à nossa categoria e também o trabalho conjunto de todo o movimento. Decidimos fazer uma Carta Aberta à População e distribuímos 150 mil cópias nas estações do metrô. Tudo isso foi muito positivo.

Na nossa assembleia, ontem, aconteceu uma coisa inusitada na categoria: houve proposta de pararmos somente 12 horas mas todos queriam parar o dia inteiro! Fomos para todas as áreas do Metrô, para esclarecer e conversar com a categoria, e fomos bem recebidos. Foram conversas gratificantes e a categoria atendeu nosso chamado. A adesão à greve foi grande, significativa. A cidade de São Paulo iniciou seu dia sem Metrô e até a Globo, o UOL, a Exame e outros órgãos de imprensa foram obrigados a dizer que a população apoia nossa greve.

Hoje estamos cumprindo nosso dever de participar da luta, de dar nossa contribuição, dar visibilidade à luta dos trabalhadores e trabalhadoras contra a “reforma” da Previdência e a reforma trabalhista. E temos 90% de adesão da categoria.

O que o sindicato vai fazer em relação à decisão do Tribunal Regional do Trabalho, que havia ordenado ao Sindicato dos Metroviários manter efetivo de 100% dos serviços nos horários de pico (das 6 às 9 horas e das 16 às 19 horas) e de 70% nos demais horários?

Vamos recorrer em todas as instâncias. Pode ser que tenhamos que pagar a multa. Mas achamos que a postura do Tribunal Regional do Trabalho é anti-sindical, impossibilita a ação dos trabalhadores na defesa de seus interesses. A greve é legítima, correta e democrática. Então esperamos reverter esta decisão na Justiça. É importante dizer que temos uma prática de defender a Justiça do Trabalho, hoje atacada pela base do governo Temer. E o tribunal toma uma decisão dessas… Impõe uma multa de R$ 100 mil por dia ao sindicato.

No caso dos condutores, a coisa foi mais grave. O TRT definiu uma multa de R$ 300 mil e a Vara da Fazenda Pública de São Paulo concedeu uma liminar à prefeitura de João Dória estabelecendo uma multa de R$ 5 milhões por hora caso a greve fosse realizada. E eles não recuaram. Nem nós. Vamos recorrer para reverter a decisão. E se não conseguirmos e tivermos que pagar a multa, a categoria vai entender que nossa decisão foi legítima, porque foi apoiada por ela.

Qual a sua avaliação, até agora, sobre o Dia Nacional de Lutas?

Fundamental é que nossa greve é vitoriosa, que demos visibilidade à luta dos trabalhadores contra a reforma e que mostramos que a unidade sindical constrói a possibilidade de vitórias. Achamos que é o momento de continuar nas ruas e vamos participar das próximas lutas definidas pelo movimento sindical. Demos um pontapé bom, certeiro. Hoje marcamos um gol, empatamos a partida, mas o jogo continua.