"Fora, Temer" aumenta restrições de aliados à reforma da Previdência

O "Fora, Temer!", grito do carnaval deste ano, começou a produzir efeitos na base aliada de Michel Temer (PMDB). Parlamentares da base aliada começam a dar sinais de que não será tão fácil a aprovação do texto enviado pelo governo.

Bloco Popular Fora Temer - Foto: APN

Apesar de deter a maioria dos membros da comissão especial que trata sobre o projeto da reforma, deputados de partidos governistas já mostraram que não estão tão dispostos a defender as regras propostas pelo Executivo e pediram mudanças no texto.

"Eu sou a favor da reforma da Previdência, mas ela tem de ser modificada. Não pode ser do jeito que está proposta. Do jeito que está, é um estímulo para a desestruturação do sistema de contribuição", afirmou o deputado Onyx Lorenzoni (RS), do DEM, um dos apoiadores do governo no golpe.

Lorenzoni avisa que sem modificações o projeto não passa pelos deputados. "Como ela foi (para a Câmara), é óbvio que não passa. Vai ter que ter muitas modificações para ter alguma chance de aprovação", diz.

Num ano pré-eleitoral, segundo alguns parlamentares, será difícil defender um projeto que retira direitos dos trabalhadores e dificulta o acesso ao benefício da aposentadoria. “O Temer pode não querer disputar a reeleição no ano que vem, mas eu quero”, disse um deputado, citado pelo Estadão.

Além disso, as centenas de manifestações espontâneas de foliões durante o carnaval, os parlamentares também temem que o assunto engrosse as manifestações agendadas para este mês de março.

Resultado: levantamento do jornal Folha de S. Paulo, 18 dos 36 parlamentares do colegiado não concordam com o texto apresentado pelo governo, enquanto 13 são favoráveis e quatro estão em dúvida. Um dos deputados da comissão não respondeu aos questionamentos.

O principal ponto de divergência da base aliada com o projeto é também um dos pontos mais criticados pela oposição: a idade mínima de aposentadoria e contribuição. Segundo a enquete feita pela Folha, a maior parte dos 36 parlamentares da comissão especial tem restrição a pontos centrais defendidos pelo Planalto, como a unificação de regras para homens e mulheres e o prazo de 49 anos de contribuição para receber o benefício integral.

“Do jeito que está, não tem 100 votos”, disse outro governista ao Estadão.