Boulos: mobilização popular é a única saída

À frente de um acampamento em plena Avenida Paulista, em São Paulo, Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), concedeu uma entrevista exclusiva aos jornalistas Leonardo Attuch e Paulo Moreira Leite, do Brasil 247, em que abordou o colapso dos programas de moradia popular no Brasil e os impasses gerados pelo golpe parlamentar de 2016, que derrubou a presidente eleita Dilma Rousseff e instalou Michel Temer no poder.

Boulos anuncia jornada de manifestações por moradias populares - Reprodução

Boulos afirma que o governo Temer praticamente matou os programas de moradia para os mais pobres. Segundo ele, o Minha Casa, Minha Vida reduziu drasticamente os recursos para a faixa 1, que concentra mais de 80% do déficit habitacional, e ganhou uma nova face. "O que era programa social se converteu em crédito imobiliário", diz ele, que também condena a ampliação do uso do FGTS para a compra de imóveis de R$ 1,5 milhão. "A classe média alta já tem acesso ao crédito bancário e não precisa de mais subsídios", afirma.

Ele comentou ainda a sua prisão, ilegal, ocorrida durante uma reintegração de posse em São Paulo, em que foi enquadrado pela teoria do domínio do fato. "Sem ordem judicial, o capitão me disse: você sabe por que está sendo preso", afirma Boulos. Esta prisão foi um dos exemplos citados ontem, pelo escritor Raduan Nassar, ao denunciar o colapso da democracia no Brasil.

Na entrevista, Boulos também aborda os impasses gerados pelo golpe parlamentar de 2016 e diz que a única saída para o Brasil é a luta popular. "O que está em jogo é um programa de destruição completa do País, não só das conquistas do lulismo, mas também da Constituição de 1988 e do getulismo", afirma. Segundo ele, a esquerda cometerá um erro histórico se insistir na repactuação com as forças que promoveram o golpe.

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