Jorge Luna: Integração regional em tempos de Trump

Líderes caribenhos analisarão na cidade de Georgetown, nesta semana, o impacto político e econômico e o cenário regional, após a assunção, o passado 20 de janeiro, de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.

Por Jorge Luna, enviado especial da Prensa Latina

Georgetown, na Guiana

Os mandatários dos 15 países membros da Comunidade do Caribe (Caricom), que cinco dias depois assistiram na República Dominicana à 5ª Cúpula da Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribenhos (Celac), estudarão agora as mais recentes medidas decretadas pelo magnata estadunidense.

Às vésperas de sua realização nesta quinta-feira e sexta-feira, são intensos os preparativos para a 38ª Cúpula de Caricom, que em julho passado também foi sede do anterior encontro.

Observadores locais asseguraram a Prensa Latina que resultam vários os 'temas Trump', como as medidas migratórias, bancárias, ambientais e de segurança que repercutirão na vida socio-económica de numerosos territórios caribenhos, dedicados não somente ao turismo.

Na cúpula da Celac, o presidente da Guiana, David Granger, a cargo da presidência rotativa de Caricom, chamou ao agrupamento a criar mecanismos que adiantem os objetivos da comunidade e a 'construir portas, não muros; portões, não cercas; pontes, não bloqueios'.

Após realçar que os povos dos 33 países da região têm interesses, princípios e valores comuns, disse que Caricom tenta que a Celac contribua a seu processo de integração, especialmente ante as ameaças que enfrenta a região.

A Caricom afirma que a Celac ajude a proteger aos nossos países de agressões e aos nossos cidadãos de abusos, disse.

Ainda que não figura oficialmente na agenda, Prensa Latina constatou em fontes diplomáticas que esses temas estarão presentes nas discussões dos caribenhos, não só por ser Estados Unidos seu vizinho mais poderoso, senão ademais seu maior sócio comercial.

Meios especializados assinalaram que Estados Unidos desfrutou no ano 2015 de um balanço comercial favorável com respeito ao conjunto dos integrantes de Caricom de 4,17 biliões de dólares, cifra provavelmente superada no 2016.

Nesse sentido, alguns caribenhos contrastaram o interesse manifestado pelo anterior mandatário estadunidense, Barack Obama, com respeito ao Caribe e manifestaram desejos de que Trump mantenha essa política e inclusive que a melhore, ainda que persistem as dúvidas.

A mais recente cúpula do organismo (Georgetown, julho 2016), projetou impulsionar um ambicioso Plano Estratégico Quinquenal (2015-2019) e, entre outras medidas, propôs fomentar o Mercado e Economia Únicos de Caricom (CSME, em inglês).

A Comunidade do Caribe, cuja Secretaria Geral se situa nesta capital, foi criada em 1973 para transformar a Associação Caribenha de Livre Comércio num Mercado Comum e enfrentar os problemas de seus membros, fomentando o comércio e as relações económicas com terceiros países.

As cinco cúpulas Caricom-Cuba realizadas em diferentes cidades caribenhas recusaram o bloqueio económico, comercial e financeiro dos Estados Unidos contra Cuba e agradeceram os serviços de saúde, educação e outros que especialistas cubanos brindam na região.