70 pessoas já foram presas após criminalização do grafite em SP

Seis pessoas foram detidas na capital paulista acusadas de pichação desde a última sexta-feira (10) até neste domingo (12). Segundo a Prefeitura de São Paulo, a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana já efetuaram neste ano, no total, 70 prisões de pessoas que escreviam ou pintavam sem autorização imóveis públicos ou privados.

Artista remove tinta de Doria que esconde grafites: Aqui não é Miami - Reprodução

Os casos do fim de semana envolveram três homens e três mulheres e foram registrados em cinco ocorrências nas regiões da Barra Funda (zona oeste), Casa Verde (norte), Belenzinho (leste) e no centro da cidade. Todos foram levados à delegacia e liberados após assinarem termos circunstanciados (registro de ocorrências com menor potencial ofensivo).

O comunicado da administração municipal diz ainda que estão sendo movidas ações civis públicas contra os pichadores para que eles “sejam condenados a ressarcir os danos causados ao patrimônio público”.

Grafiteiro preso

No último dia 28 de janeiro, o grafiteiro Mauro Neri foi preso enquanto removia a tinta cinza utilizada por agentes da prefeitura para apagar uma de suas obras. O artista é conhecido pelas diversas pinturas feitas pela capital com a assinatura Veracidade. O trabalho de Mauro foi um dos apagados durante a ação da prefeitura que encobriu uma série de intervenções e murais na região da Avenida 23 de Maio, zona sul paulistana.

Alguns dias depois, em 1º de fevereiro, o grafiteiro foi convidado pelo vereador Eduardo Suplicy (PT) para comparecer à sessão plenária da Câmara Municipal em que estava prevista a votação do Projeto de Lei 65 de 2005, que cria o Disque Pichação.

Na ocasião, Mauro criticou a forma como vem sendo conduzido o debate sobre arte urbana na cidade. "Precisamos lidar melhor com as diferenças, porque a denominação do que é grafite e pichação tem ocorrido principalmente para atribuição de valores. Ou seja, quando se gosta se chama de grafite, quando se gosta muito se chama de mural e quando não se gosta se chama de pichação”, ressaltou, em seu depoimento na Casa.

O artista defendeu que seja feito um diálogo mais aprofundado sobre o tema. “Precisamos de mais escuta, e trabalhar nisso de uma forma mais antropológica e com potencial dos espaços públicos voltado para a educação e formação de opinião", acrescentou.