Combate ao retrocesso de Temer é prioridade para o PCdoB, diz Alice

Em entrevista à Agência Câmara, a deputada e líder do PCdoB, Alice Portugal (BA), enfatizou que o combate às reformas trabalhista e da Previdência é prioridade do partido em 2017. Após consulta à direção da legenda, nesta quarta-feira (7), Alice assume a liderança do partido na Câmara, substituindo o deputado Daniel Almeida (BA), que exerceu a função em 2016.

Alice Portugal presta homenagem à comunidade LGBT - Ass. Dep. Alice Portugal

“Vamos trabalhar em consonância com as organizações populares e os técnicos sobre as reformas. E vamos trabalhar também a reforma política. O PCdoB não faz parte desse mosaico de partidos considerados ‘sopa de letrinhas’. O PCdoB tem história, foi fundado em 1922. Nós queremos que a reforma política faça justiça a partidos reais. Estamos de prontidão para que essa reforma não crie barreiras à atuação de partidos reais e efetivamente garanta uma democracia de mãos limpas”, afirmou a deputada.

Alice Portugal exerce o seu quarto mandato como deputada e sua atuação parlamentar é marcada pela defesa dos direitos das mulheres e dos trabalhadores. Alice comandará uma bancada formada atualmente por 12 deputados. Na entrevista, ela frisou que o país está “sob a égide de um governo sem legitimidade” que tenta impor “reformas que convergem para os interesses neoliberais”.

“Veja que nenhuma empresa brasileira participou da última licitação para a exploração de campos do pré-sal. Agora, temos a reforma da Previdência. Na verdade, essa proposta é um convite à não aposentadoria, porque, exigindo-se a idade de 65 anos, de homens e mulheres, e ao mesmo tempo 25 anos de contribuição, significa que os trabalhadores jamais se aposentarão. É uma reforma que não tem conserto. É uma reforma que não pode ser aprovada aqui na Câmara dos Deputados. Idem a reforma trabalhista. Porque eles pretendem fazer prevalecer o negociado sobre o legislado. As categorias pequenas, com sindicatos fracos, estarão completamente desprotegidas. Portanto, o desafio é grande, mas a disposição também”, argumentou.

Questionada se acredita que a reforma política pode avançar mesmo diante da Operação Lava Jato, ela respondeu: “Ela precisa avançar. A reforma política é a mãe de todas as reformas, na medida em que a população passa a examinar, diante desses fatos [Lava Jato], que é necessário eleger pessoas que tenham opiniões. E as opiniões, em todo mundo, se organizam por parte. Os partidos são esses instrumentos. Então, é necessário favorecer legendas com opinião. É preciso eleger deputados, senadores que tenham um corolário político, um conjunto de ideias. Nesse sentido, PCdoB trabalhará para que se fortaleça a participação das mulheres e o valor da opinião, e não o poder econômico, que hoje é o maior cabo eleitoral”.