UBES: Inácio Arruda questiona reforma do ensino médio

Em debate no 3° Encontro Nacional de Grêmios e no 1° Encontro LGBT da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), o secretário da Secitece, Inácio Arruda, criticou a medida provisória do presidente Michel Temer que prevê a reforma do ensino médio.

UBES: Inácio Arruda questiona reforma do ensino médio

"Ela [a medida] quer barrar o avanço que conseguimos em um período recente do Brasil! Os estudantes secundaristas não só têm o direito como devem mostrar sua força, contestando essa proposta que quer conter o alargamento das chances que conquistamos", disse Inácio.

As discussões sobre o tema "Reforma do Ensino Médio" aconteceram nesta quarta-feira (31/1), na Universidade Federal do Ceará/Campus do Pici, local dos encontros da Ubes deste ano. As discussões contaram com a presença do ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, que destacou a falta de discussão com a sociedade na concepção dessa reforma.

Falta diálogo

O ex-ministro disse que a medida não dialoga com o que ocorre na prática. "Se fosse algo sério, teriam que chamar a Ubes para falar sobre a realidade do ensino médio. (…) O que está por trás disso é um movimento de precarização e não de flexibilização do ensino".

Haddad enfatizou que as mudanças feitas à época em que era ministro do governo Lula foram por adesão, e não por medidas provisórias. "Tudo o que fizemos foi uma construção coletiva e por isso deu certo. Mesmo com divergências houve a discussão. Por que ser diferente agora? É preciso o debate."

O ex-ministro também citou algumas conquistas na educação dos últimos anos. "Mais que dobramos o quadro de vagas nas universidades federais, criamos os institutos federais e a Universidade Aberta do Brasil (…) Criamos o ProUni e reformulamos o Fies para que não fosse preciso apresentar fiador para o acesso".

Em sua fala, o secretário Inácio Arruda enfatizou conquistas a nível de Ceará, estado que fisicamente possui condições inóspitas, com cerca de 82% do seu território em escudos cristalinos. Mesmo nesse cenário, conseguiu avançar em áreas como a educação, por meio de um esforço conjunto dos governos federal e estadual.

"Nesse período recente criamos marcas, como o Programa Alfabetização na Idade Certa, o Paic, e as escolas estaduais de educação profissional, as EEEPs", disse, destacando ainda a expansão do ensino superior no Ceará.

O representante da Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico (Fenet), Junior Palheta, questionou a não participação da sociedade no processo de criação da proposta.

"Nós estamos no dia a dia e sabemos das dificuldades. Buscamos um ensino médio que nos represente. (…) Queremos uma reforma para melhor. E a reforma se faz com a comunidade e não através de medida provisória. (…) A política educacional não se faz para o jovem e sim com o jovem".

Integraram a mesa dos debates Roberto Guido, do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), e Jailson Pereira, professor coordenador do curso de História da UFC.

Entenda a reforma

O governo federal encaminhou ao Congresso Nacional em 2016, a Medida Provisória (MP) 746/2016 para reestruturação do ensino médio. Entre as alterações previstas na proposta está redução do conteúdo obrigatório, a flexibilização do currículo (os alunos poderão escolher algumas matérias), o incentivo ao aumento de escolas com educação integral e autorização de contratação de professores sem licenciatura.