Diplomatas americanos assinam documento contra veto de Trump

Cerca de mil diplomatas americanos assinaram um documento de protesto contra o veto temporário imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à entrada de refugiados e de cidadãos de sete países de maioria muçulmana.

Donald Trump - Divulgação

As assinaturas foram entregues nesta terça-feira (31) ao "canal de divergências" do Departamento de Estado, que recebe reclamações de funcionários sobre as políticas do governo. Uma resposta oficial deve ser dada num prazo de 30 a 60 dias. O mecanismo, criado durante a Guerra do Vietnã, também protege por lei os signatários de retaliações.

"Este veto não alcança seus objetivos [de tornar o país mais seguro] e provavelmente será contraprodutivo", diz o documento, que rodou por embaixadas americanas mundo afora. "Além disso, essa política vai contra valores americanos essenciais de não discriminação, jogo limpo e de dar boas vindas aos visitantes estrangeiros e imigrantes. Somos melhores do que esse veto."

O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, criticou os signatários do documento, dizendo que eles "deveriam se ajustar ao programa (de veto migratório temporário) ou sair" de seus postos no governo.

Trump também demonstrou impaciência em relação à dissidência interna ao demitir a procuradora-geral interina, Sally Yates, na segunda-feira. Ela tinha ordenado que os subordinados no Departamento de Justiça não defendessem o veto, por não ter certeza de que a medida era "legal".

População dividida

Uma pesquisa de opinião da Reuters/Ipsos divulgada nesta terça-feira aponta que os americanos estão divididos quanto ao veto de 90 dias para a entrada de cidadãos do Irã, Iraque, Líbia, Sudão, Somália, Síria e Iêmen e de 120 dias para refugiados de qualquer nacionalidade.

De acordo com a sondagem, 49% dos adultos concordam "fortemente" ou "de alguma forma" com o veto, enquanto 41% discordam. Outros 10% estão indecisos. Considerando os partidos políticos, 53% dos democratas "discordam fortemente" e 51% dos republicanos "concordam fortemente" com a medida.

Apenas 32% dos americanos, no entanto, se sentem mais seguros por causa do veto. Outros 56% acreditam que os Estados Unidos não deveriam dar preferência a refugiados cristãos em vez de muçulmanos.