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Mostra de Artes Visuais provoca e Bienal responde com reinvenção

O que a arte representa em meio a um cenário de incertezas e instabilidade política? O conjunto de obras e performances apresentados durante a vernissage da Mostra Selecionada de Artes Visuais da 10ª Bienal, na noite deste domingo (29), em Fortaleza, no Dragão do Mar, levou essa provocação ao público.

Mostra de Artes Visuais provoca e Bienal responde com reinvenção - UNE

Ao todo, são 24 trabalhos que passaram pela coordenação e curadoria da mediadora cultural e artista visual Andressa Argenta e do integrante do Circuito Universitário de Cultura e Arte (Cuca da UNE), o estudante de Relações Públicas Bruno Bou.

‘’Todas as obras conversam em si. Não é só uma mostra universitária, é importante pensar e valorizar esses trabalhos que estão em processo, porque hoje no Brasil a gente valoriza os caras que estão no alto escalão, mas não valoriza os trabalhos dos universitários, então, uma missão da curadoria é criar essa potência. Por que não uma mostra universitária ser uma baita mostra?, indagou Andressa.

A exposição intitulada ‘’Provocações’’ tem inspiração no movimento neoconcreto, que assim como o tema da Bienal, Feira da Reinvenção, propõe reflexões sobre a transformação dos povos, das culturas e a coragem de se reinventar em um mundo onde tudo parece acontecer ao mesmo tempo e agora.

Performances também levam o público ao estado de provocação proposto pelas obras. Enquanto o expectador passeia pela galeria pode se deparar com fitas de cetim que seguem seus pés ou com uma caixa de objetos que o convida a experimentar lembranças.

‘’A mostra selecionada da Bienal nos dá a chance de conhecer a produção artística universitária de forma bem íntima. Conseguimos ter uma dimensão da pluralidade brasileira, já que temos trabalhos de diferentes estados’’, falou o coordenador Bruno Bou.

O tema político ficou bastante evidente durante toda exposição. ‘’Se minha escola fosse minha’’, com imagens das ocupações de escolas; ‘’O muro (des)humano’’, fotografia de um cordão policial realizado durante uma manifestação ou o grafite de Albert Lazarini, obra que foi apagada durante a vernissage em protesto ao programa Cidade Linda, lançado pelo prefeito de São Paulo, João Dória, mostram como a arte pode ser política.

‘’Aqui podemos ver obras politizadas, umas mais claras, outras mais enigmáticas, mas isso basta para mostrar que as artes visuais vêm cumprindo esse papel político também. A Bienal é um grande encontro pós-golpe’’, concluiu Bou.