Flávio Dino completa dois anos com um governo reformador

O governador Flávio Dino (PCdoB) começou seu terceiro ano com 62% de aprovação, 33% de não aprovação e 5% de indecisos na Ilha de Upaon Açu, segundo pesquisa realizada pelo instituto Exata, que ouviu 1005 pessoas no período de 17 a 20 de janeiro, em São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa, e publicada na edição do dia 22 do Jornal Pequeno.

Flávio Dino

Os números foram naturalmente muito festejados pelo governo, seus integrantes, partidários, aliados e simpatizantes, tendo sido ao mesmo tempo recebidos com visível má vontade por seus adversários. O percentual de aprovação é superlativo se levados em conta os estragos que a crise econômica e a instabilidade institucional estão fazendo no país, causando a impressão de que o Maranhão é uma ilha de normalidade e até de prosperidade em meio a situações de caos registradas na maioria dos estados.

O Maranhão não passa a imagem de ser uma versão do paraíso, mas é possível afirmar que o estado já se distancia da impressão de que seria uma versão terrestre inferno. O atual governo tem tido papel fundamental e decisivo nessa transformação.

Quando governou o Maranhão na segunda metade dos anos 1960 do século passado, José Sarney varreu do mapa estadual as marcas do vitorinismo, um regime caudilhesco implantado pelo legendário Victorino Freire, formado à base do compadrio político e que funcionava na base do poder do delegado de polícia e no do coletor, o temido cobrador de impostos. Passadas quatro décadas, o Maranhão já não tinha qualquer traço do vitorinismo, mas avançava sob a influência e o controle político do líder renovador de 1966, sem a pressão da polícia nem do fisco, mas com acesso ao poder decidido nas urnas. Poder tão longevo permitiu, por exemplo, que a sucessora de José Sarney, Roseana Sarney (PMDB), governasse o estado por quase 14 anos.

Após o fracasso da primeira virada de mesa, que se deu com Jackson Lago em 2006, a segunda, que aconteceria em 2014, aconteceu com a obrigação de ser bem-sucedida. O advogado, professor, ex-juiz federal e ex-deputado federal Flávio Dino elegeu-se governador no primeiro turno com 63% dos votos, tornando-se o homem certo, no lugar certo e na hora certa com o propósito, não de derrubar estruturas, mas, principalmente, semear costumes na gestão da máquina estatal e no uso do dinheiro público.

Por mais que seus adversários se esforcem para mostrar o contrário, Flávio Dino realiza um governo que, se não é exatamente de esquerda no sentido ortodoxo, privilegia essa visão focando as ações nas pessoas. A maioria dos programas implantados, como na educação – o Escola Digna, por exemplo – e na saúde – como a Força Estadual de Saúde –, até aqui têm esse viés. A Secretaria de Direitos Humanos e Mobilização Popular e o símbolo dessa visão, pois reflete, com clareza, a determinação do governador de reverter o quadro de pobreza extrema nos municípios mais afetados pela desigualdade social e econômica. Avançou no campo social criando até o Bolsa Escola, um complemento do Bolsa Família para compra de material escolar.

O governador investiu bem a maior parte do crédito de R$ 2,9 bilhões deixado pelo governo passado no BNDES. Avançou, também fortemente, num programa rodoviário que ainda está em curso, bem como em obras de infraestrutura. Na linha de avanços, são óbvios os investimentos e os esforços de gestão feitos para melhorar a segurança pública, principalmente nas áreas urbanas, com o aumento, por concurso, do efetivo da PM, melhorias da Polícia Civil e aquisição de viaturas e armamentos. E é insensato não reconhecer que, ainda enfrentando ainda graves problemas, o atual governo está conseguindo reverter a crise que encontrou no sistema penitenciário do Maranhão, tirando o complexo de Pedrinhas do circuito das prisões explosivas e palcos de rebeliões sanguinárias. Tudo isso com uma vantagem a mais: trata-se de um governo transparente, sem estrelas cintilantes no secretariado nem áreas de domínio exclusivo de A ou B.

Mesmo tendo perdido terreno nas engrenagens da União por causa do impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT), Flávio Dino ganhou todas no campo político ao longo dos primeiros 770 dias da sua gestão. Cultivou relações nada restritivas ou impositivas com a Assembleia Legislativa, cuja maioria do plenário é composta por deputados do seu grupo, estes liderados pelo presidente da Casa, deputado Humberto Coutinho (PDT), um dos esteios políticos do governo.

Flávio Dino vem conseguindo manter pontes com o governo do presidente Michel Temer, mesmo contra a vontade dos chefes do PMDB no Maranhão, a começar pelo próprio ex-presidente José Sarney, que está sempre acionando seus liderados para infernizar o governo comunista, numa guerra sem trégua. Nas eleições municipais, o grupo que lidera e que dá sustentação ao seu governo saiu amplamente vitorioso nas urnas, elegendo mais de 150 prefeitos, sendo 46 filiados ao PCdoB, episódio que ganhou status de “fenômeno”.

Por suas posições, o governador do Maranhão tem sido um dos mais ativos articuladores dos movimentos que envolvem os governadores da região, consolidando-se a cada evento como referência, posição que reforça e amplia o seu cacife no universo da esquerda nacional, o que também chama a atenção de outras correntes, que aqui e ali jogam seu nome na fogueira da sucessão presidencial. E é nesse contexto que o governador tem reiterado sua disposição de concorrer à reeleição, descartando, até aqui, qualquer possibilidade de se envolver numa aventura nacional.

O que chama mais atenção é que mesmo diante de um cenário nebuloso para 2017, o governador Flávio Dino e seu governo cantam alto que está tudo bem, que as contas serão pagas em dia e que serão feitos inclusive investimentos. Um caso raro no país, onde a maioria dos governos está mergulhada em crise, o Maranhão está mesmo parecendo uma ilha onde as coisas estão acontecendo e cujo balanço decisivo será feito nas urnas em 2018.