Lideranças e parlamentares repudiam prisão de Guilherme Boulos

A presidenta eleita Dilma Rousseff definiu como evidência de um retrocesso a prisão ocorrida nesta terça-feira (17) do coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos. Ao tentar mediar um despejo em São Paulo, o líder foi preso pela Polícia Militar do estado. Parlamentares e representantes do movimento sindical também se posicionaram contra a prisão.

Guilherme Boulos MTST

A prisão de Boulos aconteceu enquanto ele mediava com policiais militares sobre o despejo de 700 famílias que moram na ocupação Colonial, na zona leste da cidade de São Paulo. A polícia usou como justificativa para a prisão a desobediência à reintegração de posse, que vai despejar 3 mil pessoas, e também alegou as participações do líder do MTST em atos contra o governo de Michel Temer.

“A prisão do líder do MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, Guilherme Boulos, é inaceitável. Os movimentos sociais devem ter garantidos a liberdade e os direitos sociais, claramente expressos na nossa Constituição cidadã, especialmente, o direito à livre manifestação”, afirmou Dilma Rousseff em publicação na conta do facebook.

Na opinião de Dilma, “prender Guilherme Boulos, quando defendia um desfecho favorável às famílias da Vila Colonial (foto) em São Paulo, evidencia um forte retrocesso. Mostra a opção por um caminho que fere nossa democracia e criminaliza a defesa dos direitos sociais do nosso povo”.

O presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, também publicou nota expressando indignação. “São tempos de criminalização dos movimentos sociais. Em uma democracia não deveria ser crime lutar por direitos, moradia, alimentação e segurança social. Não ficaremos calados diante de tamanha violência. Seguiremos lutando. Toda a solidariedade ao companheiro Boulos!”, escreveu o dirigente.

Violência policial e criminalização do movimento social

“Novamente vemos uma tentativa clara de criminalização de um movimento social e sua liderança, por parte do Estado. O governo Alckmin pratica cenas de violência lamentáveis contra uma população pobre e vulnerável e joga nas ruas 700 famílias em uma demonstração de total insensibilidade”, declarou em nota o deputado federal (PCdoB-SP), Orlando Silva.

O parlamentar afirmou que a bancada do PCdoB estará ao lado do povo e de quem defende a população. “Não aceitaremos calados. Governos democráticos têm por princípio dialogar e entender os movimentos e suas demandas e não tentar eliminá-los”.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) também se pronunciou no twitter: “A criminalização dos movimentos sociais não pode continuar! Força, Boulos! Hoje foi o Boulos e amanhã pode ser você. Lutar por algo justo e para o bem coletivo, não é crime!”, afirmou a parlamentar.

Nota da bancada de deputados do PT afirma que a polícia do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) segue à risca a orientação do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para reprimir os movimentos sociais.” Se configura nitidamente como um ato de repressão política por parte da Polícia Militar de São Paulo”, afirma trecho do documento.