Congresso da CNTE: A ordem é resistir ao desmonte da educação

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão, afirmou nesta quinta-feira (12), na abertura do 33º Congresso Nacional da entidade, que “neste momento em que a educação pública brasileira sofre com leis de mordaça, reforma do ensino médio e uma enormidade de restrição de financiamento, mais do que nunca a figura de Paulo Freire é quem nos encoraja a lutar e enfrentar o que vem pela frente”. O educador Paulo Freire é o patrono do congresso.

33º Congresso CNTE Marilene Betros - Reprodução facebook

Na abertura do congresso, que tem como tema “Paulo Freire: Educação Pública, Democracia e Resistência”, o evento contou com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e 2,5 mil educadores do Brasil e de diversos países. A atividade se encerra neste domingo (15), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, na capital federal.

Sob gritos de “Volta Lula” e “Fora Temer”, o ex-presidente discursou durante quase uma hora e não poupou críticas ao atual governo e sua política de ajustes que vem promovendo grandes retrocessos nas conquistas sociais.

“Não é a matéria prima, a floresta e a extensão territorial que fazem a grandeza de um país, mas sim a qualidade da educação”, disse Lula, convocando a todos os participantes a lutarem incansavelmente em defesa do país e dos direitos, atualmente ameaçados por medidas como a PEC 55 e a Reforma da Previdência.

As dirigentes da CTB Marilene Betros e Ísis Tavares representaram a central na mesa de abertura, reafirmando o compromisso da entidade na luta por um ensino público democrático e de qualidade.

Para Betros, “o congresso da CNTE acontece em um dos momentos mais difíceis da história do país. Estamos enfrentando uma crise econômica e politica onde nós, trabalhadores e trabalhadoras, não somente da área de ensino, mas de todas as categorias, estamos perdendo muito. Por isso o evento vem em um momento importante, onde precisamos organizar a base, debater, discutir, refletir a atual conjuntura política no Brasil e no mundo”.

A dirigente afirmou também que é preciso lutar para preservar os avanços obtidos nos últimos anos. “Vamos batalhar para garantir as conquistas do PNE (Plano Nacional de Educação), pois estamos tendo muitas perdas, entre elas, a precarização do trabalho. Essa reforma do ensino médio traz graves prejuízos, cerceia o direito de pensar, de se expressar, a lei da mordaça impede que os professores debatam, discutam livremente com os estudantes e leve-os a pensar criticamente. Discutir nesta conjuntura as formas de enfrentamento deve ser o objetivo final desse congresso. Nós daremos resposta, porque não aceitaremos nenhum direito a menos, nenhum retrocesso. A reforma previdenciária, com o aumento da idade mínima para homens e mulheres, causa sérios danos aos educadores, pois somos uma categoria predominantemente feminina, além disso essa reforma ameaça fortemente a aposentadoria especial que temos”, ressaltou.

Ísis Tavares disse que a CTB é uma central que participa ativamente do movimento dos trabalhadores na educação. “Realizamos recentemente um seminário sobre educação e também atuamos na CNTE, contribuindo na base, com os trabalhadores, seja nas direções dos sindicatos que a gente dirige, seja nas escolas, e isso se manifesta na nossa presença aqui – somos a segunda força presente neste congresso”.

Sobre a homenagem a Paulo Freire, Ísis pontuou: “Destacar o trabalho deste grande educador neste evento, num momento em que a área educacional é duramente atacada por este governo ilegítimo, que golpeou não só democracia e o mandato da presidenta Dilma, mas principalmente os direitos dos trabalhadores, é de extrema importância, porque significa a resistência ao atraso, a resistência a afirmação dos princípios, dos valores de uma educação laica, democrática e de qualidade para o nosso povo”.

“Reafirmamos a luta contra essa reforma do ensino médio, que além de precarizar a nossa profissão, prejudicando as condições de trabalho, salário, também promove a queda na qualidade da educação e abre caminho para privatização do ensino público. A proposta atende, entre aspas, à necessidade imediata do aluno, mas, na verdade, quem define o que vai ter ou não são os gestores. Isso acaba dando ao mercado a prerrogativa de decidir a formação da nossa juventude. A CTB coloca sua militância aguerrida na luta em defesa da educação pública e dos direitos, no chão da escola, da fábrica e com a sociedade”, concluiu a dirigente.

Nesta sexta-feira (13), o presidente da CTB, Adilson Araújo, debaterá a conjuntura nacional.

Confira AQUI a programação do congresso.