Líder das Farc pede respeito ao acordo de paz assinados com o governo

O líder das Farc, Timoleón Jiménez, fez nesta terça-feira (27) um chamamento pelo respeito aos acordos assinados com o governo colombiano, em particular a lei de anistia, conceito chave para a organização, já aprovado no Congresso em primeiro debate.

Timoleón Jiménez e Iván Márquez - AP

“Não deve sofrer modificações, o cumprimento do pacto mostra o compromisso real com a paz”, afirmou o dirigente das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo).
O dispositivo será submetido a análise das plenárias do Senado e da Câmara dos Deputados e posteriormente irá à sanção presidencial.

Entrevistado pela Rádio Caracol, o senador da coalizão de esquerda Polo Democrático Alternativo, Ivan Cepeda, mostrou otimismo em torno da aprovação do acordo, apesar dos reparos de setores como o partido de direita Centro Democrático (CD), encabeçado pelo ex-presidente Álvaro Uribe.

“Uma lei dessa natureza gera polêmica e o debate é bem-vindo, mas o texto deixa claro que não serão aceitas anistias, indultos nem tratamentos especiais para agentes do Estado que sejam considerados responsáveis por delitos qualificados como de lesa- humanidade, genocídio, graves crimes de guerra”, esclareceu o parlamentar.

Segundo o legislador, está prevista a criação de uma sala que definirá a situação jurídica de cada pessoa. Ele considerou válida a preocupação das Farc, que têm instado a preservar o espírito dos consensos conseguidos em Havana e assinados oficialmente no Teatro Colón em 24 de novembro último por Timoleón Jiménez e o presidente Juan Manuel Santos.

“O que se pactuou desenvolve equilíbrios, princípios que respeitam os direitos de todas as vítimas. O Executivo ou os congressistas fariam mal se começassem a pendurar nos acordos aspectos que não têm”, disse. O parlamentar alertou sobre tentativas de tirar força às medidas estipuladas. “Não se pode tergiversar nem emendar em prol de agentes do Estado ou terceiros o que foi estabelecido entre as partes”, enfatizou.

Para Cepeda, o receio da direita de que a Jurisdição Especial para a Paz (JEP) gere impunidade para a guerrilha está mais relacionado, na verdade, ao medo de que venham à tona e sejam esclarecido crimes paramilitares.