Sartori e o Estado gaúcho: “combatendo a crise” com mais crise 

O governo Sartori (PMDB), sob o pretexto de combater a crise financeira que assola o Rio Grande do Sul, tenta implantar uma série de medidas extremamente duras contra o povo gaúcho.Um verdadeiro pacote de maldades, cujo objetivo é desmontar o Estado, precarizando totalmente o serviço público, mergulhando-o num caos absoluto com o claro objetivo de privatizá-lo.

Por Diógenes Júnior* 

Sartori e o desmonte do Estado gaúcho: “combatendo a crise” com mais crise - Brasil 21

Uma parte desse pacote de maldades foi votado na Alergs (Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul) na calada da madrugada do dia 21. Faltando apenas três dias para o Natal, 1.200 pessoas perderam seus empregos, sem uma explicação que justificasse a extinção das fundações onde trabalhavam.

Foram extintas as Fundações Zoobotânica, Piratini, Cientec, FEE, FDRH, Metroplan, Corag, Fepagro e a Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (FIGTF). Muitas destas fundações são responsáveis por grande parte da geração de recursos do estado. A Corag, por exemplo, em 2015, repassou ao estado R$ 7,6 milhões.

Grupos de comunicação com viés público, que transmitiam conhecimento e cultura para a população gratuitamente, também foram extintos. A TVE e a FM Cultura também foram alvos do pacote de maldades contra a população.

Retirar funções da responsabilidade do Estado e entregá-las à iniciativa privada significa mover tais funções, de quem tem como objetivo cuidar das pessoas, e transferi-las para instituições, que têm como objetivo geração de lucro.

Tanto as razões econômicas apresentadas pelo governo Sartori (PMDB) – já publicamente desmentidas pelo simples fato de o governo gastar praticamente o mesmo valor em publicidade nos veículos não-oficiais, e oferecer isenções fiscais para empresas que não trazem criação de empregos –  quanto as políticas – que não se sustentam no momento em que a renegociação da dívida com a União deixou de exigir contrapartidas dos estados – caíram por terra, mostrando a verdadeira face do governo que ocupa atualmente o Palácio Piratini: um governo obscurantista, retrógrado, perverso, autoritário, despótico e sobretudo incompetente.

Com a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, sitiada há quase uma semana pela Brigada Militar, a bancada dos deputados que apoiam o governo mais uma vez mostrou sua antipatia e desrespeito para com os trabalhadores e trabalhadoras, fugindo do debate e deixando à mostra sua absoluta incompetência para legislar.

Nas votações, a distribuição de poucas senhas para acesso da população deixou as galerias do plenário da casa vazias, enquanto milhares de servidores e servidoras se mobilizavam na Praça da Matriz e eram fortemente reprimidos pelo violentíssimo aparato policial do governo.

Neste contexto adverso 30 deputados, muitos deles desonrando a tradição de seus partidos, outros desonrando sua própria caminhada política, jogaram no lixo grande parte da capacidade intelectual do nosso estado.

Sem argumentos plausíveis e sem discussão séria, deixaram a certeza de que os verdadeiros motivos de suas decisões foram motivos outros, motivos que vão ao encontro não do bem geral da sociedade gaúcha, mas sim do benefício de alguns poucos privilegiados.

Para a população gaúcha ficou bem claro que não é crise, mas um projeto de governo. O caminho neoliberal palmilhado pelo governo Sartori já foi tentado anteriormente durante o governo Britto (PMDB). Tal projeto fracassou, e enterrou o Rio Grande do Sul numa crise aguda, porque a dose do remédio acabou se tornando terrível veneno.

O governo Sartori (PMDB) segue a mesma lógica do governo golpista Temer (coincidentemente também do PMDB), o governo da “PEC do fim do mundo” (PEC241/55), da precarização das relações trabalhistas, e do total desrespeito pela democracia.

Nós, a sociedade gaúcha, teremos tempos muito obscuros pela frente.