Líder das Farc pede audiência ao papa para impulsionar paz na Colômbia

O comandante em chefe das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo), Timoleón Jiménez, o Timochenko, pediu nessa terça-feira (20) uma audiência com o papa Francisco, "antes ou durante sua anunciada" visita à Colômbia em 2017. O objetivo que o pontífice possa contribuir com a implementação do acordo de paz.

Timoleón Jiménez - Zona Cero

"Acreditamos que a parte mais acusada de pecados, as Farc, também merecíamos alguns minutos de reflexão com o senhor, antes ou durante sua anunciada visita à Colômbia", disse Timochenko em uma carta pública endereçada ao papa e com origem em Havana.

Timochenko fez o pedido após a reunião que o papa teve com o presidente colombiano Juan Manuel Santos e seu antecessor, Álvaro Uribe, líder da oposição no país, na última sexta-feira (16) no Vaticano.

O pontífice tentou, mediar a desavença motivada pelo acordo que Santos assinou com as Farc em dezembro, para pôr fim a meio século de conflito armado.

"Não é fácil alcançar o consenso e a reconciliação com setores dominados por um fundamentalismo de tal natureza que,  por sua vez, alimenta a mão escura que mergulha a Colômbia em doloroso mar de sangue", escreveu o comandante em chefe.

Nesse sentido, ele fez votos de que o papa consiga "contribuir para pôr fim a uma realidade tão trágica". Ao mesmo tempo, acrescentou, "confiamos em que um papel mais decisivo de parte da hierarquia eclesiástica colombiana possa pender a balança para o lado mais justo".

O acordo foi elaborado em Havana, considerado território neutro, ao longo de 4 anos e prevê a transição pacífica dos membros das Farc à vida civil depois que deixarem as armas, além do ingresso da organização na político, por meio de um partido político.

Entre outras medidas, o acordo garante justiça, reparação e não repetição às vítimas, aborda a questão da reforma agrária e o combate ao narcotráfico, este impulsionado principalmente pelas organizações paramilitares.