Derrota no referendo derruba o premiê Matteo Renzi na Itália

A demissão de Matteo Renzi, quarto primeiro-ministro da Itália em cinco anos, o terceiro a governar sem o aval das urnas, volta a exigir soluções criativas para a política do país.

Matteo Renzi, ex-primeiro ministro da Itália

Depois da derrota por quase 20 pontos percentuais no referendo sobre as reformas constitucionais – o não alcançou 59,11% dos votos, contra 40,89% do sim –, provocou a demissão de Matteo Renzi, o quarto primeiro-ministro da Itália em cinco anos.

Renzi reuniu pela última vez a sua equipe de Governo nesta segunda-feira (5) e em seguida apresentou formalmente sua demissão ao presidente da república, Sergio Mattarella, no Palácio Quirinalle.

Mattarella deve aceitar a demissão de Renzi e deve nomear uma figura destacada para conduzir o Governo até as próximas eleições. O até agora ministro da Economia, Pier Carlo Padoan, é tido como favorito para essa interinidade pela mídia italiana.

Segundo a mídia corporativa, uma convocatória imediata de eleições – como pede Matteo Salvini, líder da Liga Norte – não parece possível, porque a nova lei eleitoral, pensada por Renzi como complemento da reforma do Senado, ainda está tramitando na Câmara de Deputados. Com o resultado do referendo, será necessário pactuar outro projeto.

O outro dado é que, a pesar da derrota deste domingo, a centro-esquerda ainda tem maioria na Câmara e, num período de interinidade, possivelmente conseguirá exercê-la também no Senado com o apoio de pequenos partidos de centro e inclusive da Força Itália, o partido do ex-premiê Silvio Berlusconi.

O líder do Movimento 5 Estrelas (M5S), Beppe Grilo, já deixou claro que repudia novos governos tecnocratas como o de Mario Monti. Sua proposta é que o Parlamento altere a lei eleitoral o mais rapidamente possível e que novas eleições sejam convocadas.

Entre as diversas forças políticas que reivindicam a paternidade da vitória do não no referendo – de pós-fascistas a comunistas, passando pelo próprio Monti –, Grillo é provavelmente quem tem mais chances de aproveitá-la nas próximas eleições. Seu candidato é o jovem deputado Luigi Di Maio, vice-presidente da Câmara dos Deputados.