Trump arma seu gabinete com ex-militares e figuras conservadoras

Com uma mistura de mistério e sensacionalismo, o presidente eleito estadunidense, Donald Trump, revela lentamente os nomes dos candidatos a integrar seu gabinete, enquanto cumpre de sua maneira os requisitos para a chamada transição.

Donald Trump - Prensa Latina

O multimilionário se reuniu recentemente com dezenas de colaboradores enquanto é, paralelamente acusado de eludir atividades do plano de relevo, como o fato de não ir a várias sessões com os serviços de inteligência destinadas a transmitir a ela relatórios que precisará como chefe da Casa Branca.

Trump inclusive negocia com políticos que o criticaram severamente durante a campanha, como Mitt Romney, ex-candidato republicano à presidência em 2012, quando foi reeleito o presidente Barack Obama.

De acordo com o The Wall Street Journal, Romney seria o secretário de Estado a partir de 20 de janeiro, possibilidade criticada por seguidores de Trump no Grand Old Party (GOP).

Entre as personalidades designadas ou que se especula poderiam ser nomeadas estão diversas personagens de linha dura, entre elas vários congressistas republicanos.

A áindicação do senador Jeff Sessions como Promotor Geral gerou polêmica devido aos antecedentes deste legislador, que é acusado de ter posições racistas e áxenofóbicas.

Algo parecido acontece com Kris Kobach, provável secretário do Departamento de Segurança Interior (DHS), conhecido por sua hostilidade em relação aos trabalhadores imigrantes indocumentados, e porta-voz de políticas racistas e áreacionárias.

Para secretário de Comércio, Trump está de olho no multimilionário Wilbur Ross, quem o ajudou a conformar a agenda econômica de sua campanha e o apoiou na ideia de renegociar ou retirar os Estados Unidos de importantes tratados comerciais.

Entre outros futuros integrantes de sua equipe, que ainda precisam ser confirmados pelo Senado, está o general retirado Mike Flynn, como assessor de Segurança Nacional; Mike Pompeo para diretor da CIA e Reince Priebus como chefe de gabinete da Casa Branca.

A governadora de Carolina do Sul, Nikki Haley, tem muito pouca experiência internacional, mas de qualquer forma foi indicada para embaixadora perante as Nações Unidas, assim como Betsy DeVos para a secretaria de Educação, enquanto o neurocirurgião e pré-candidato presidencial republicano Ben Carson poderia presidier o Departamento de Moradia e Desenvolvimento Urbano.

No que alguns chamam "trumpsição", qualificada de circo político pelo jornal The New York Times em um editorial, já foi apontado Steve Bannon de ultra-direita como estratega chefe na mansão executiva.

Para a secretaria de Defesa estão ainda bagunçados os nomes do general da reserva Stanley McChrystal, ex-chefe das tropas no Afeganistão; e James N. Mattis, ex-general de Infantaria da Marina, apoiado pelo senador John McCain, presidente do Comitê de Serviços Armados da Câmara alta.

Ao mesmo tempo, o ex-diretor da CIA e ex-general David Petraeus, que também liderou as forças militares em solo afegão, compete com Romney para presidir a diplomacia norte-americana.

O almirante Michael S. Rogers, titular da Agência de Segurança Nacional, é o único oficial ainda ativo na lista de favoritos de Trump, como possível Diretor Nacional de Inteligência.

Mas a nomeação de tantos ex-generais para altos cargos governamentais, uma concentração sem precedentes na história dos Estados Unidos, é visto por alguns como uma evidência de que a nova Administração dará prioridade ao poderio militar para impor seus interesses em solo estrangeiro.

Outros apontam que não foram apenas os uniformizados que estimularam a entrada de Washington em conflitos internacionais e, nesse sentido, mencionam o papel da candidata democrata, Hillary Clinton, na intervenção na Líbia (2011) e suas posições pró-guerra em relação à Síria.

No entanto, a principal preocupação do cidadão médio norte-americano não parece ser o rumo da política exterior nos próximos quatro anos, mas o impacto do novo gabinete no nível doméstico com a designação de figuras conservadoras como Sessions, Bannon e Kobach, entre outros.

Segundo especialistas, eles poderiam jogar fora o pouco avanço conseguido nas passadas décadas na luta contra a discriminação e a desigualdade social nos EUA, temas nos quais, segundo o próprio Obama, ainda falta muito por fazer.