Geddel apela para o choro e diz que denúncia é assunto “encerrado”

Nesta terça-feira (22), ao comentar denúncia feita pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de que ele o teria pressionado a produzir um parecer técnico para liberar a construção de um prédio no qual adquiriu um apartamento, o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) apelou para o choro, mas depois disse que o assunto está “encerrado”.

Geddel e base aliada - Antonio Cruz/Agência Brasil

A cena aconteceu durante reunião no Palácio do Planalto com líderes da base governista na Câmara. Geddel começou a falar de seu pai, o ex-deputado Afrísio Vieira Lima, falecido no início deste ano, para justificar as lágrimas.

Apesar do choro – mesma tática usada durante depoimento que fez à CPI do Orçamento, em 1994 –, ele admitiu que tratou com Calero sobre o projeto imobiliário na Bahia, mas disse que não fez pressão nenhuma para produzir um parecer técnico que favorecesse os seus interesses.

Diante do comovente depoimento no ministro, os líderes assinaram um documento de desagravo a Geddel. O líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), disse que líderes da base aliada foram em marcha ao Palácio do Planalto para entregar a carta a Geddel.

“Isso é um absurdo o que aconteceu. Precisa dar piti? Por que a palavra do ex-ministro tem mais força que a de Geddel? É uma conversa natural existente entre políticos”, confessou o líder do PTB, Jovair Arantes (GO). “Em qualquer parte do país político é demandado. O assunto se encerra quando você diz ‘não’”, completou Jovair, que disputa a Presidência da Câmara dos Deputados e quer o apoio do governo.

O líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), reconheceu que Geddel colocou seus interesses pessoais à frente do governo federal e que não foi uma atitude adequada. Mas depois minimizou, classificando o episódio como uma questão pequena, “paroquial”, que não justificaria a demissão do ministro.

“Nós somos todos falíveis. Então, é hora de passar por cima dessa falha e cuidar do que temos de cuidar”, afirmou. Segundo ele, Geddel é essencial para o governo Michel Temer.

“Eu não acho que foi uma atitude adequada, mas temos problemas enormes para resolver no país”, disse Pauderney.

Com o completo jogo de cena, Geddel disse ao final do encontro, após secar as lágrimas, que não quer mais comentar o assunto e deu o tema por encerrado.

“O assunto está encerrado. E como está na Comissão de Ética, não vou mais comentar com a imprensa. Peço que me respeitem”, disse ele, com o ar de quem quer fugir das explicações.

O ministro de Temer é investigado pela Comissão de Ética, que já o notificou sobre a decisão e dando um prazo de dez dias para apresentar a sua defesa.