Farc pede explicação sobre possível quebra de cessar-fogo

As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) pediram nesta quinta-feira (17) um pronunciamento oficial da Missão de Monitoramento e Verificação do acordo de paz entre a guerrilha e o governo colombiano sobre a morte de dois guerrilheiros no sul do departamento de Bolívar.

Guerrilheiros das Farc na selva - AFP

O chefe da equipe negociadora do governo colombiano, Humberto De La Calle, divulgou a informação sobre as mortes nesta quarta-feira (16) em entrevista à emissora Caracol Televisión. "Houve combates no sul de Bolívar. Morreram dois guerrilheiros que supostamente pertencem às Farc. O Ministério da Defesa diz que estes guerrilheiros estavam bastante distantes da zona de pré-agrupamento e que ali havia uma operação de caráter delinquencial. Acabo de falar com Iván Márquez [negociador das Farc], que sustenta que eles estavam a caminho da zona de agrupamento", declarou de la Calle.

Para ele, há uma "discrepância de narrativas" sobre as circunstâncias das mortes, mas "o que importa é a lição" de que o cessar-fogo bilateral entre governo e guerrilha "é frágil" e "não podemos demorar" a implantar o novo acordo de paz, assinado no último sábado (12).

De acordo com um comunicado do Exército colombiano, soldados na zona rural no município de Santa Rosa, em Bolívar, foram avisados pela comunidade sobre a "presença de pessoas armadas e uniformizadas". Os soldados iniciaram uma operação que produziu "combates", que levaram à morte de duas pessoas, que depois foram identificados como membros das Farc. 

Segundo as Farc, os guerrilheiros foram atacados pelo Exército enquanto se encaminhavam às zonas de pré-agrupamento, para comparecer depois às áreas onde se concentrarão para o abandono de armas e a desmobilização, como previsto no acordo de paz entre a guerrilha e o governo.

Carlos Lozada, membro do Secretariado das Farc, se manifestou nas redes sociais pedindo esclarecimento sobre as mortes. “Urge pronunciamento oficial da Missão de Monitoramento e Verificação” dos acordos de paz, mecanismo integrado pelo governo colombiano, as Farc e a ONU, declarou Lozada, que também disse que a versão do Exército colombiano “carece de validez” e que a Missão “deve determinar circunstâncias” em que o fato ocorreu.

A Corporação Solidariedade Jurídica, organização que trata dos casos dos presos políticos das Farc, afirmou que o ataque a unidades da guerrilha consiste em "uma flagrante violação do cessar-fogo bilateral" e também pediu que a ONU realize uma investigação independente sobre o caso.

O governo colombiano e as Farc iniciaram um cessar-fogo bilateral no último dia 29 de agosto, após alcançar um primeiro acordo de paz que foi assinado em 26 de setembro e rejeitado em consulta popular no dia 2 de outubro.

Um novo acordo com os ajustes e modificações que pactuaram a partir das propostas dos grupos que se opuseram ao acordo inicial com a guerrilha foi assinado neste sábado (12) pelo governo colombiano e as Farc, mas ainda não foi implementado.