Em jantar com senadores, Temer defende “medidas amargas”

Em meio a protestos de estudantes, que interditaram uma das vias de acesso ao Palácio da Alvorada, Michel Temer recebeu nesta quarta-feira (16), na residência oficial da Presidência, senadores da base aliada para pedir apoio para a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55/2016, que congela os gastos públicos pelos próximos 20 anos.

jantar_temer_senadores - Beto Barata/PR

Para convencer os parlamentares a aprovar a medida que corta investimentos em saúde e educação, Temer convocou o economista José Márcio Camargo, doutor em economia pela Massachusetts Institute of Technology (MIT) e professor na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, que fez uma apresentação com gráficos que tentam justificar a aprovação da PEC da maldade.

Temer afirmou durante o jantar que o Brasil enfrenta uma recessão “profunda e extremamente preocupante” e, para reverter esse cenário, são necessárias “medidas amargas”.

Ele aproveitou o discurso para defender a reforma da Previdência, que disse que será enviada ao Congresso Nacional ainda neste ano.

“Nós temos que tirar o país dessa recessão, e o passo seguinte [à eventual aprovação da PEC do teto] é a [reforma da] Previdência. Vai ser difícil? Vai, mas eu creio que já há uma consciência nacional, e as pesquisas o revelam, de que ela é indispensável. Não há como fugir dela, até porque nós estamos fora do planeta, porque outros países têm regras de natureza previdenciária diversas das nossas”, justificou.

Temer disse ainda que o pacote de maldades inclui também uma reforma trabalhista. “Sequencialmente, devemos ir para uma reformulação de natureza trabalhista, que, aliás, os senhores sabem, o STF começou já a promover decisões em que o acordado prevalece sobre o legislado”, afirmou.

Aprovada pela Câmara em dois turnos e também pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, a PEC 55 segue para o plenário da Casa e deverá ser votada em primeiro turno em 29 de novembro e, em segundo turno, em 13 de dezembro. Se a matéria for aprovada dentro desse prazo, será promulgada em 15 de dezembro, último dia de trabalho no Senado antes do recesso parlamentar.

Protesto

Manifestantes bloquearam um dos acessos ao Palácio da Alvorada em protesto contra a PEC, a medida provisória que reforma o ensino médio e o projeto de lei que instituiu o programa Escola sem Partido.

Estudantes secundaristas e da Universidade de Brasília (UnB) participaram do ato. Eles fazem parte do movimento de ocupação de várias unidades escolares do país. Apesar da ação pacífica, a Polícia Militar usou gás de pimenta contra os manifestantes.