Grupo invade plenário da Câmara para pedir intervenção militar

Como bem disse o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), o gênio do fascismo saiu da garrafa, “e agora não conseguem colocá-lo de volta”. Um grupo de cerca de 30 pessoas invadiu o plenário da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (16) e interrompeu o andamento de uma sessão. Gritando palavras de ordem pedindo intervenção militar, o grupo, que se dizia contra a corrupção, também pedia a presença do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que não apareceu, e exaltava o juiz Sérgio Moro.

Grupo invade plenario-Camara - Agência Câmara

Como resultado da polarização política e da campanha de ódio e intolerância insuflada pela direita conservadora para emplacar o golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff, rasgando a Constituição, os integrantes do grupo, com o dedo em riste, pediam a intervenção militar e a prisão dos parlamentares.

Perplexos, os parlamentares assistiam a ação do grupo. O deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), que votou pelo impeachment sem crime de responsabilidade, criticou os manifestantes e pediu respeito à democracia.

“Eles querem negociar, estão chamando o general para saírem daqui. É um grupo de direita, e o país não comporta mais isso [intervenção militar]. Eu vivi a ditadura militar, eu vivi a desgraça da administração do PT, mas viva a democracia, tem que respeitar a democracia”, afirmou o peemedebista.

Para instaurar o pânico, o deputado Marcos Rogério (DEM-RO) disse que os parlamentares foram informados pela segurança da Casa de que havia a possibilidade de manifestantes estarem armados.

“Não podemos permitir que o parlamento, que representa a sociedade, sofra uma violência como essa”, afirmou ele.

A pergunta que fica é: se a segurança sabia que eles estariam armadas, como permitiu a entrada? Desde o impeachment, a Câmara dos Deputados tem mantido uma rotina de extremo controle sobre manifestações, afastando com violência os estudantes, trabalhadores e indígenas. Estranhamente, permitiu que o grupo chegasse até a porta do plenário, quebrasse os vidros, invadisse e ocupasse a Mesa Diretora, impedindo o funcionamento da Casa.

O deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), partido que comandou o golpe contra a democracia, disse: “É preocupante e serve de alerta. Estamos voltando à era dos extremos”.

Em entrevista ao Estadão, Jefferson Vieira Alves, que se identificou como empresário da construção civil, disse que a ação foi organizada pelas redes sociais. “Estamos aqui hoje para fechar o Congresso Nacional”, afirmou Alves.


Facilidade de acesso

Os deputados Jorge Solla (PT-BA) e Alice Portugal (PCdoB-BA), que estavam no plenário, se surpreenderam com a facilidade com que os manifestantes chegaram até o Plenário e a dificuldade para tirá-los de lá.

Alice Portugal explica que “desde o impeachment fraudulento, que chocou o mundo, essa Casa está fechada, a Casa do Povo tem limite de entrada, só entra com senha, mas hoje os manifestantes entraram, com anuência de quem? Como entraram? Porque entraram?”, indagou, destacando que “eles defendem uma intervenção militar, bandeiras ligadas ao fascismo e é fruto do clima de criminalização da política”.

Para a parlamentar, o Brasil precisa retomar a democracia com o governo eleito em urnas. “Enquanto prevalecer essa atmosfera de golpe isso vai continuar a acontecer.”

O deputado Jorge Solla afirmou que “isso é fruto do momento que estamos vivendo nesse país, ataques contra a esquerda e o ódio montado pela mídia e a elite para tirar a presidenta Dilma”. Solla disse ainda que “a reivindicação deles é a intervenção militar. Ditadura civil não é a praia deles, não querem a ditadura do governo golpista de Michel Temer”.

E acrescentou: “É golpe atrás de golpe, golpe da PEC contra as políticas sociais; da derrubada das conquistas da classe trabalhadora, mudando a CLT; da entrega do pré-sal, pagando a conta com os compromissos que eles têm com a elite econômica que está corroendo o país”.

Enquanto os parlamentares se retiravam do plenário, o grupo leu uma pauta extensa que pede, entre outros pontos como a implantação do projeto Escola Sem Partido, pois segundo eles, o ensino atual é “carregado de ideologia”, além da perseguição aos comunistas e socialistas.

Ainda segundo os integrantes do grupo, a intervenção militar é necessária porque deputados federais estão implantando o comunismo no Brasil.

Durante a invasão, uma das portas de acesso ao plenário da Casa foi quebrada pelo grupo, o que possibilitou a entrada dos mesmos no plenário.