Reforma política aprovada no Senado já encontra resistência na Câmara

O Senado aprovou em primeiro turno a proposta de reforma política. O projeto deverá ser votado em segundo turno no dia 23 deste mês e só depois seguirá para a Câmara. Mas o projeto que dá continuidade ao golpe contra a democracia, apresentado pelo PSDB, já encontra dificuldades para avançar na Câmara. Isso porque parlamentares já avisaram que para aprovar a medida, vão promover mudanças significativas no texto. Outros rechaçam o projeto e articulam maneiras de engavetá-lo.

PCdoB quer ampliar participação popular em reforma política - Ass. Lid. PCdoB na Câmara

A cláusula de barreira que, na prática, limita o número de partidos e tenta extinguir legendas, é a principal critica. Em entrevista ao Portal Vermelho, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) adiantou que os partidos que seriam afetados pelo projeto já estavam promovendo um movimento para tentar barrar a proposta.

Segundo Orlando, se considerar os partidos que seriam atingidos com a cláusula de barreira de 2%, proposta no projeto de autoria do senador Aécio Neves (PSDB-MG), ao menos 93 deputados seriam contrários. “Já começamos um diálogo com esses parlamentares, de modo que tenhamos uma ação conjunta, já que todos serão atingidos”, contou.

A estratégia deu resultado. O PT, que havia se posicionado favorável a proposta, já admite rever sua posição. “Na bancada é muito forte o respeito ao PCdoB, à Rede e ao PSOL. Isso vai ser rediscutido porque a mudança do cenário é muito brusca”, afirmou o líder Afonso Florence (BA), em reportagem publicada no Estadão.

O deputado petista adiantou que com 58 deputados em sua bancada, será difícil a aprovação na Câmara do jeito que está. Ronaldo Fonseca (DF), líder do Pros, lembrou que a cláusula de barreira já foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal e reforçou: “Sabe quando vai passar na Câmara? Só no próximo século”.

“A gente vai trabalhar para aprovar mudanças, mas elas não podem acontecer da noite para o dia”, afirmou o líder do PRB, Márcio Marinho (BA). Da forma como foi aprovada, considerou o deputado, os pequenos e médios partidos “sucumbirão”. O próprio Aécio já admite que o texto deverá será alterado.