Ministro fala em apoiar indústria automotiva atacando trabalhador

Ignorando todos os indicadores da economia brasileira, o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, declarou que há sinais de recuperação. Ao afirmar que o governo pretende oferecer incentivos e tornar mas competitiva a indústria automotiva, explicitou que a plataforma da equipe de Michel Temer está restrita às medidas que atacam direitos do trabalhador. 

Marcos Pereira, ministro - MDIC/divulgação

A recessão na economia nacional, sob o comando do presidente Michel Temer e do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já compromete o próximo ano. Depois de cair 7% em 2015 e 2016, analistas avaliam que o crescimento da economia em 2017 poderá ser de apenas 0,5%, a despeito de todo o arrocho feito pelo governo. O ministro, contudo, disse que na economia dá sinais de recuperação.

Pereira participou nesta quinta (10) da abertura do Salão Internacional do Automóvel, no espaço São Paulo Expo, na capital paulista. Na ocasião, ele defendeu a importância do Programa de Sustentabilidade Veicular, que prevê a renovação da frota e o incentivo à cadeia de reciclagem de autopeças. Segundo afirmou, a proposta, apoiada pelo setor automotivo, será apresentada ao presidente Michel Temer até o próximo mês.

Todos os ônus da receita apresentada por ele para aumentar a competitividade do setor, no entanto, recaem sobre o trabalhador. "Muito mais que os incentivos é dar competitividade [ao setor automotivo]. Nós vamos dar, na medida em que o estado fizer as reformas que precisam ser feitas. Além do limite dos gastos, [as reformas] previdenciária e da modernização da legislação trabalhista. Quando a nossa indústria como um todo tiver competitividade, com a redução do custo Brasil e a diminuição da burocracia, poderemos avançar e, com previsibilidade, planejar o futuro", disse o ministro.

Na tentativa de justificar medidas tão impopulares, o governo tem dito que a adoção desta cartilha é necessária para a manutenção de empregos, algo contestado por economistas e advogados trabalhistas. Segundo eles, a experiência tem mostrado que a flexibilização de direitos trabalhistas tem ajudado não na preservação de vagas, mas na ampliação da margem de lucro dos empresários.

"Quanto menos amarras burocráticas e obrigações acessórias, mais investimentos podem ser feitos e mais empregos gerados”, disse Marcos Pereira em ouytro evento durante esta semana, repetindo a cantilena de Michel Temer e Henrique Meirelles.