Temer diz que reivindicações de estudantes são "ladainha"

O movimento de ocupações nas escolas ganhou força. Nem a imprensa e muito menos o governo conseguiram esconder a mobilização dos estudantes contra a reforma do Ensino Médio via medida provisória e a imposição da PEC 241, que congela investimentos públicos por 20 anos. Pressionados, o governo é desqualificar o movimento. Em entrevista à rádio Itatiaia, nesta quarta-feira (9), Michel Temer voltou a criticar as ocupações e disse que as ações dos estudantes não são de “muita importância”.

Ataques Ocupação Estadual Central 3

"Nós não damos importância a elas. A pior coisa é quando acontece isso e você dá muita importância", declarou  o usurpador.

Temer disse ainda que se divulga muita “ladainha" ao se referir as críticas feitas ao seu governo quanto às medida propostas pela PEC dos gastos e os efeitos que elas trariam para os setores de educação e saúde.

Apesar de dizer que não dá importância, afirmou que é contra o movimento e"toma cuidado" para não haver acusações de violência do governo contra manifestantes.

“Sou contra mas tomo um cuidado extraordinário para não dizerem que, pelo menos, do âmbito federal, haja alguma espécie de violência. Nossa pauta é do diálogo e do convencimento", declarou ele, tentando se esquivar da responsabilidade diante da repressão policial contra estudantes em diversos estados.

Utilizando a mesma estratégia que os militares usavam para difamar os atos pela democracia na ditadura de 1964, Temer afirmou que as manifestações não passam de “argumentos físicos” e que os jovens não querem dialogar.

“É uma ocupação de natureza física. Poderiam chamar especialistas para debater, mas não há mais discussão", acrescentou.

No dia anterior, durante a abertura de um seminário da Confederação Nacional da Indústria (CNI), ele usou o mesmo argumento.

“Dizem que isso [a PEC Teto dos gastos públicos] vai prejudicar setores importantíssimos do país, como saúde e educação. Foi aí que o [ministro da Fazenda, Henrique] Meirelles organizou o orçamento para 2017, aplicando [o que está previsto na] PEC. E, ao fazê-lo, vimos que aumentamos as verbas para saúde e educação. Divulga-se muita ladainha, por mais que se fale”, disse ele na CNI.