Temer critica ocupações e insinua que estudantes não sabem o que é PEC

Depois de dar um golpe contra a democracia ao articular o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, Michel Temer (PMDB) resolveu pedir “respeito às instituições” ao defender a medida provisória da reforma do Ensino Médio e criticar as ocupações feitas por estudantes de todo o país. A afirmação foi feita nesta terça-feira (8), durante a abertura do seminário Infraestrutura e Desenvolvimento do Brasil, promovido pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e pelo jornal Valor Econômico.

temer em seminário da CNI - Beto Barata/PR

Sem citar diretamente o movimento das ocupações, Temer insinuou que os estudantes não sabem ler ao afirmar que as pessoas debatem temas sem ler os textos das propostas. Na campanha de criminalização dos movimentos, disse que estão trocando o “argumento intelectual” pelo “argumento físico”. A declaração de Temer também contradiz com as operações repressivas de policiais militares em diversos estados.

“Precisamos aprender no país a respeitar as instituições. O que menos se faz hoje é respeitar as instituições, e isso cria problemas. O direito existe para regular as relações sociais. Hoje, ao invés do argumento intelectual, verbal, usa-se o argumento físico. A pessoa vai e ocupa não sei o quê, põe o pneu velho, é o argumento físico”, disse.

Segundo ele, a reforma no Ensino Médio é discutida “há séculos” no país e o que a MP fez foi agilizar o debate. Temer reforçou a campanha de criminalização ao afirmar que a medida só quer fazer uma “remodelagem para que não deixe mais que a pessoa, na segunda série, não saiba multiplicar, ou não saiba falar o português, que fala um idioma que a pessoa não sabe nem de onde vem”. A estratégia é desqualificar a ação dos estudantes, dando a impressão de que se trata de um movimento sem propósito.

Apesar do governo trabalhar para aprovar a MP no Congresso, Temer disse que não há uma exigência que a reforma do Ensino Médio seja feita por meio de medida provisória e que as mudanças podem ser efetuadas por um projeto de lei, desde que haja a “renovação do Ensino Médio”.

“Se quiser o final da MP e pegar um projeto de lei que está lá, que assim seja. Queremos a renovação do ensino médio. Se for necessário aprovar um projeto de lei, votaremos, não há nenhum problema nisso.”

Esta é uma das principais reivindicações dos estudantes que ocupam centenas de escolas – que a Reforma do Ensino Médio não seja feita por medida provisória, para que o tema seja amplamente debatido e que a reforma seja de acordo com a real necessidade dos estudantes brasileiros.

Além disso, os estudantes também rechaçam a PEC 241, que agora tramita no Senado como PEC 55, pois congela os investimentos em educação, inviabilizando o Plano Nacional de Educação.