Estão implementado o Estado mínimo no Brasil, denuncia Dilma

A ex-presidenta Dilma Rousseff participou nesta sexta-feira (4) da Jornada Continental pela Democracia e Contra o Neoliberalismo em Montevidéu, no Uruguai. O evento é uma ação conjunta entre vários países em solidariedade a Cuba.

Dilma no Uruguai - Pablo Seade

A atividade foi organizada pela central trabalhista PIT-CNT com a proposta de uma greve parcial. A imprensa local afirma que mais de dez mil pessoas participaram do ato onde Dilma falou sobre o impeachment e o governo de Michel Temer que colocou em curso “um processo em que o Estado mínimo vai ser implementado”.

“Não cometi nenhum crime político e fui destituída”, disse a presidenta que ao denunciar o golpe: “mas não o novo governo não fala de ‘golpe parlamentar’ porque o golpista nunca gosta de ser chamado de golpista”, ironizou Dilma que, durante seu mandato de pouco mais de cinco anos, ampliou e fortaleceu as políticas sociais implementadas por Lula. “Demos um grande passo que não foi suficiente, não acabou com a desigualdade. Mas no Brasil querem que voltemos atrás”, afirmou.


O ato contou com mais de dez mil pessoas | Foto: Pablo Saede 

Para Dilma, o golpe no Brasil é parte de um projeto maior que busca atacar todos os governos progressistas do continente e reduzir as responsabilidades do Estado, de forma a fortalecer os grandes grupos empresariais e investidores estrangeiros. “Me preocupa muito que seja um processo que tenha uma característica continental. (…) Nòs temos visto como os governos populares foram atacados de Sul a Norte de nosso hemisfério”.

Dilma afirma que o caminho agora é defender a democracia e as instituições porque esta é a única forma de seguir avançando. “Devemos preservar a democracia como uma das maiores conquistas, sem democracia não temos como lugar contra as desigualdades.

A ex-presidenta acredita que agora os povos devem somar uma “força conjunta” porque as conquistas sociais estão em risco. “Os direitos no meu país estão ameaçados”.

Medo e retrocesso

“O medo se deve ao fato que diante da força de alguns processos financeiros sem controles, nem regulação, as pessoas se sentem ameaçadas de perder o emprego e suas referências, e são objeto de uma força que ninguém controla. O grande papel da democracia é que nos reconheçamos como pessoas com igualdade, mas, sobretudo, como pessoas. Não podemos aceitar que nos reduzam a indivíduos ilhados, que não constroem laços, nem solidariedade, que é o mais elementar entre os seres humanos”, disse.

Dilma também fez referência às ditaduras militares que dominaram a América Latina durante as décadas de 60 a 90. “No Brasil houve uma tentativa de retroceder, de retornar a uma situação superada de desigualdade. (…) Este é o momento que os países em desenvolvimento estão vivendo os movimentos mais violentos de desigualdade”. Por isso, é fundamental a construção de uma “cooperação entre os povos”.