Erdogan recrudesce repressão na Turquia com prisão de oposicionistas

A polícia da Turquia deteve na madrugada desta sexta-feira (04/11) os dois líderes do Partido Democrático dos Povos (HDP), pró-curdo, alegando que os dois estariam envolvidos em atos "terroristas" realizados pelo Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), informou a imprensa local.

Recep Tayip Erdogan - Yasin Bulbul/Reuters

De acordo com a agência de notícias estatal turca Anadolu, Selahattin Demirtas foi preso em casa, na cidade de Diarbaquir, sudeste do país, enquanto Figen Yüksekdag foi detida em Ancara. Vídeos das operações policiais nessas e em outras cidades foram divulgados pelo HDP nas redes sociais.

Os líderes são acusados pelas autoridades turcas, em dois diferentes processos, de fazer "propaganda terrorista" a favor do PKK.

Horas depois da prisão dos dois dirigentes do HDP foi registrada uma forte explosão na cidade de Diyarbakir, a maior cidade da região de maioria curda na Turquia.

Imagens das emissoras de televisão mostravam destroços e janelas quebradas de um edifício utilizado pela polícia que foi atingido pela explosão. Testemunhas disseram que o atentado foi ouvido a quilômetros de distância. Policiais e civis foram atingidos pela explosão.

O atentado ocorreu horas após a polícia prender ao menos 12 membros do HDP, sob a acusação de colaborarem com o PKK, que há décadas luta pelos direitos políticos e culturais dos cidadãos turcos de etnia curda.

Recep Tayip Erdogan, o presidente do país, aproveitou a tentativa fracassada de golpe de estado no dia 15 de julho para promover uma caçada contra a oposição, o que tem suscitado protestos de amplos setores da população e no exterior.

Após a explosão em Diyarbakir, o acesso às redes sociais como Twitter e Whatsapp foi bloqueado na Turquia. Outros sites tiveram o acesso desacelerado de propósito, para deixá-los inúteis.

A agência de notícias Associated Press (AP), confirmou o bloqueio temporário à cobertura da explosão em Diyarbakir. As autoridades turcas afirmam que a medida visa evitar publicações e transmissões que possam gerar "medo, pânico e caos" na população. As ordens, porém, não afetam os anúncios públicos do governo, mas abalam por completo a cobertura jornalística no país, segundo a AP.