Zapatistas indicam mulher indígena para presidência no México

O Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) decidiu lançar a candidatura de uma mulher indígenas à presidência do México em 2018. O fato inédito foi divulgado após o encerramento do 5º Congresso Nacional Indígena (CNI), realizado no estado de Chiapas.

Mulheres zapatistas - La Voz del Anáhuac

Ainda não há um nome, apenas sabe-se que será uma mulher membro de um dos povos indígenas. A partir disso, inicia-se um processo de consulta entre as 33 nações e tribos originárias do país. A escolha será feita por meio de um Conselho Indígena de Governo.

Os povos indígenas não são organizados em um partido. Então para lançar esta candidatura, a mulher escolhida não irá se filiar a uma sigla ou criar uma nova, mas sim aproveitar uma brecha na legislação eleitoral que permite uma candidatura independente.

Assim como a candidatura, a campanha também será construída de forma horizontal com a participação de todos os povos originários.

A revolução zapatista triunfou no dia 1º de janeiro de 1994 contra o acordo de livre comércio entre o México, Estados Unidos e Canada (Nafta). À época, os indígenas se levantaram com seus característicos capuzes negros e armas na mão para além das montanhas de Chiapas sob o comando do subcomandante Marcos, hoje autodenominado subcomandante Galeano.

Desde então, os povos originários organizam em comunidades autônomas e democráticas conhecidas como “Caracóis”, cujo sustento se dá através do cultivo de alimentos para abastecimento próprio e venda. Atualmente é o subcomandante Moisés quem está no comando do povo revolucionário.

Dois anos depois, em 1996, foi criado o Congresso Nacional Indígena com o objetivo de organizar politicamente os povos originários. Esta será a primeira vez que eles irão participar ativamente de uma eleição, em outras ocasiões já declararam apoio a candidatos de partidos de esquerda. Houve também períodos em que os zapatistas defenderam boicote às eleições e chegaram a fazer campanha contra o voto.

Com esta candidatura, eles esclarecem que o objetivo não é “obter o poder”, mas sim convidar os povos indígenas e a sociedade civil para se organizar e “nos fortalecer em nossa resistência e rebelião, em defesa da vida de cada pessoa, família, coletivo, comunidade e vizinhança”.

Os zapatistas ainda não anunciaram qual será a plataforma de governo. O fato é que diante da aguda crise pela qual o país passa, uma candidatura alternativa pode soar como um novo caminho. Há anos uma estagnação econômica estrangula a população, somada à tal “guerra às drogas” que atinge principalmente as fatias mais pobres, os mexicanos vivem em clima de guerra civil.