Temer se compara a Thatcher em reunião de países de língua portuguesa

Durante a abertura da 11ª Conferência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, nesta segunda-feira (31), em Brasília, Michel Temer (PMDB) defendeu o arrocho fiscal de seu governo e citou a ex-primeira-ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher, para comparar as suas medidas.

Michel Temer Serra e Guterres ONU - Foto: Carolina Antunes/PR

De fato, a comparação de Temer tem fundamento. Margaret Thatcher, foi a primeira-ministra britânica responsável por implementar políticas como a privatização de estatais e a aniquilamento dos sindicatos britânicos e liderou a política de aprofundamento do liberalismo com redução do Estado e forte papel do mercado na economia, levando o país a uma forte recessão e desemprego. Foi também a responsável por conduzir o Reino Unido durante a Guerra das Malvinas, em 1982, iniciadas quando a Argentina tentou retomar o territória.

Temer contou que sua inspiração foi num vídeo que assistiu em que Thatcher defendia a contenção das despesas públicas. "Ela disse: 'Olhe, não vamos pensar que o Estado pode fazer projetos generosos e achar que existe um dinheiro público diferente do dinheiro privado'. Então é preciso, em dado momento, dizia ela -, como nós estamos fazendo no Brasil -, conter a despesa pública porque você só pode gastar aquilo que arrecada", afirmou.

Temer, contudo, sabe que suas pretensões não são bem-vindas pelas população e, com receito de protestos, mandou reforçar a segurança no Palácio do Planalto. O aparato de segurança será reforçado e o procedimento de identificação para a entrada na sede do governo federal também sofrerá mudanças.

De acordo com reportagem do Valor Econômico, é evitar o trânsito de servidores do governo Dilma Rousseff e impedir a entrada de manifestantes em eventos realizados pela presidência da República.

"Em conversas reservadas, o presidente tem demonstrado preocupação com o clima de animosidade no país, sobretudo contra o governo federal", diz a matéria, lembrando que as manifestações vinham perdendo força no país, mas voltaram a se destacar com as ocupações dos estudantes.

Na semana passada, Temer foi irônico com manifestantes em discurso durante uma cerimônia no Planalto. Ele insinuou que o barulho do protesto que estava do lado de fora era aplausos ao governo e pediu aos empresários presentes, que participavam do evento, que oferecessem emprego ao grupo.