Milhares protestaram em Madri contra a posse de Rajoy

Mariano Rajoy (PP) foi reconduzido, no dia 29 de outubro, ao cargo de primeiro-ministro de Espanha, com a anuência do PSOE, maior partido da oposição. Nas ruas de Madri, mais de 100 mil pessoas protestaram contra um governo que consideram "ilegítimo".

Espanha Madri Rajoy

No Congresso, o chefe do governo de gestão obteve o apoio de 170 deputados: os do Partido Popular, do Cidadãos e da Coligação Canária.

Votaram contra 111 deputados: os da coligação Unidos Podemos, os de todos os partidos regionais, nacionalistas e independentistas, e ainda 15 deputados do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) que decidiram não acatar a disciplina de voto do seu grupo.

O grosso dos deputados do PSOE (68) votou tal como se esperava: absteve-se, viabilizando assim a investidura de Rajoy como primeiro-ministro espanhol. Os membros do novo executivo de direita, que vai governar apoiado por uma minoria parlamentar, devem ser revelados na próxima quinta-feira.

Na primeira votação de investidura, realizada na última quinta-feira, a candidatura de Rajoy foi recusada, tendo obtido 170 votos a favor e 180 contra (incluindo o PSOE, embora este partido já tivesse anunciado que se ia abster na votação).

Apesar de ser o partido mais votado, o PP não conseguiu alcançar maioria absoluta tanto nas eleições realizadas a 20 de dezembro de 2015 como nas de 26 de Junho deste ano, em que aumentou a percentagem de votantes e o número de deputados. Em Setembro último, Rajoy falhou a investidura na primeira e na segunda votações, tendo apenas contado com o apoio do Cidadãos e da Coligação Canária.

Mais de 100 mil nas ruas de Madri

Com o lema "Frente ao golpe da máfia, democracia", muitos milhares de pessoas participaram, domingo (30), na marcha convocada pela Coordenadora 25-S, herdeira do movimento 15-M ou dos indignados, em protesto contra o novo mandato do líder do PP como primeiro-ministro, considerando que o governo é "ilegítimo".

Não menos de 150 mil pessoas, segundo os organizadores – a Delegação do Governo espanhol disse à Efe que não eram mais de 6 mil –, gritaram palavras de ordem como "Não à máfia golpista", "O PP engana, rouba e amordaça", "Não nos representam", e "PSOE-PP, a mesma merda é", entre outras alusivas à abstenção do PSOE, informa a Prensa Latina.

Não faltaram as críticas ao "convalescente bipartidarismo espanhol", que agora "procura recompor-se, através desta grande coligação encoberta, para prosseguir com os ataques aos direitos sociais e novos cortes impostos em Bruxelas", afirmou a Coordenadora 25-S, acusando o PSOE de frustrar um governo alternativo ao de Rajoy.

"Agora que caíram as máscaras, é preciso vir para as ruas e deixar claro o repúdio 'a um novo roubo' à soberania do povo, e reivindicar um processo constituinte que ponha fim ao sistema saído da 'mal chamada Transição' ", referiram os organizadores da mobilização, que contou com o apoio da coligação Unidos Podemos.