Senadora Vanessa alerta que redução “cosmética” de juros não ajuda
A redução da taxa básica de juros pela primeira vez em quatro anos, que pode ser visto como uma boa notícia, nesse caso é apenas “aparência para manipular opiniões e alardear méritos que o governo não tem”, avalia a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), em sua coluna semanal na Folha de S. Paulo.
Publicado 25/10/2016 11:42
Segundo ela, a redução de 0,25% na taxa Selic foi pífia e os juros de 14% continua a alimentar “a voracidade do sistema financeiro, que viu sua margem de lucro com o crédito, spread bancário, crescer 60% em dois anos”.
Vanessa disse ainda que “o Brasil ostenta ainda o triste título de campeão de juros reais mais altos do mundo. Essa é a verdade oculta por trás das manchetes e só explicada pelo servilismo aos especuladores. Segundo a consultoria Infinity Asset, seria necessário um corte de 4,75% para deixarmos a liderança mundial de juros reais e, se tivermos dois cortes de 0,5% neste ano, ainda assim teríamos um índice de juros reais estratosférico de 6,48% ao ano”.
“Enquanto esbanja nos gastos com juros, o governo se apressa em aprovar a PEC 241, que reduzirá gastos públicos em custeio, infraestrutura e no social, mas manterá integrais os gastos financeiros. E o Brasil emergente, parceiro estratégico dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), será substituído pelo país da época FHC, quando vivia humilhado pelo FMI”, alerta a senadora.
E critica o presidente ilegítimo Michel Temer, para quem “educação pode ficar sem dinheiro, banqueiro, não. É essa a lógica da PEC 241”.
A senadora lembra ainda que a PEC 241 “é o mesmo remédio que destruiu a economia grega, arrasou direitos e empregos em Portugal e solapa economias europeias”, conclamando a população: “Neste momento de tanta dificuldade econômica e restrições democráticas, resistir e lutar devem ser não apenas palavras de ordem, mas o sentimento a mover nossa gente”.
Agravamento da crise
Vanessa avalia que “levando em conta o agravamento da crise, que, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), em agosto registrou uma queda de 0,91% em relação a julho, concluiremos que a redução de 0,25% na taxa Selic foi pífia e, portanto, retardará ainda mais a retomada do desenvolvimento”.
Ela destaca que essa redução “representará uma economia anual irrisória de aproximadamente R$ 9 bilhões diante dos astronômicos R$ 600 bilhões que o governo pagará de juros aos especuladores”.
“Outra variável importante é a deterioração crescente da atividade econômica e do nível do emprego, que continua a piorar desde a assunção de Temer ao governo. Tal fato, por si só, já justificaria uma queda mais significativa na taxa de juros”, conclui a parlamentar.