Em Porto Alegre, policiais encerram manifestação com bombas 

No final da tarde desta segunda-feira (25), na esquina Democrática, região central de Porto Alegre, (RS) milhares de pessoas se reuniram para, a partir dali, saírem em caminhada pelas ruas da capital gaúcha, protestando contra a PEC 241.  

Bombas em POA

As mobilizações contra a PEC da Morte começaram às 7 horas com o ‘trancaço’ em frente a rodoviária. Após o meio dia, na Faculdade de Educação da UFRGS, professores e alunos organizaram atividades artísticas, visões sobre os danos irreversíveis que ocorrerão nos próximos 20 anos.

Foi então que a manifestação pacífica tornou-se um palco para cenas de abusos e truculência por parte dos policiais militares. 


Relato de abusos

Marco Weissheimer, do Sul21, que acompanhou a manifestação, faz um relato do que aconteceu em mais um episódio de repressão policial:

"No início, a Brigada Militar acompanhou de forma discreta a manifestação, com um grupo de quatro homens que iam passando informações por rádio sobre o roteiro da caminhada. Na linha de frente da marcha, a organização do ato cuidava para que a manifestação prosseguisse sem violência. Na entrada do túnel da Conceição, surgiu a primeira aparição ostensiva de um pelotão de choque da Brigada, posicionado na avenida Independência. Nada, até ali, indicava que a manifestação terminaria de modo violento. Os organizadores do ato tiveram o cuidado de pedir silêncio a todos durante a passagem da marcha ao lado da Santa Casa. O pedido foi atendido e os tambores e palavras de ordem silenciaram na saía do túnel.

Mas, à medida que a caminhada foi prosseguindo, o clima de tensão foi aumentando. Na avenida João Pessoa, um pelotão da cavalaria da Brigada posicionou-se em frente à sede do PMDB. Os organizadores do ato orientaram os manifestantes para que não praticassem nenhum ato contra o prédio".

Já no final, aproveitando o fato de alguns manifestantes terem jogado pedras nos vidros de um banco, a polícia inicia seu show de horrores.

Começa a correria entre tiros e bombas – o bairro Bom Fim ficou tomado pelo gás. Alguns jovens se refugiam no prédio da Reitoria da UFRGS, onde acontecia uma formatura. Sem se intimidar, a polícia começa a atirar bombas de gás contra o prédio.

O mesmo prédio, aliás, que nos anos 60 fora invadido pela polícia do Exército durante a ditadura militar.

O ato contra a PEC 241 terminou assim, com o barulho das bombas de gás, os gritos dos manifestantes se dispersando pelo Bom Fim e pelo episódio que lembrou fatos ocorridos em 1964, quando a reitoria da UFRGS foi alvo de atos que anunciavam um período de repressão que durou quase duas décadas.