“Fica difícil”, afirma Temer sobre denúncias na Lava Jato

Nesta terça-feira (18), Michel Temer (PMDB) reclamou das denúncias contra seu governo durante visita ao Japão, e disse que não pode ser paralisado a cada denúncia de corrupção envolvendo nomes da sua cúpula.

Michel Temer - Lula Marques

“O envolvimento dos nomes se deu, convenhamos, por enquanto, por uma simples afirmação. Se um dia se consolidarem, o governo verá o que fazer”, completou Temer. ”Se a cada momento que alguém mencionar o nome de alguém isso passar a dificultar o governo, fica difícil”, afirmou Temer, tentando camuflar o envolvimento de nomes da cúpula do golpe em esquemas investigados pela Operação Lava Jato. Segundo ele, essas “suspeitas” não devem prejudicar a tramitação das reformas do governo no Legislativo.

A tensão de Temer está nas especulações em torno de um acordo de delação premiada entre o Ministério Público Federal com executivos da Odebrecht, que apontaria 80 pessoas envolvidas no esquema com a empreiteira.

Em editorial, a Folha de S. Paulo classificou o conteúdo das delações como “explosivo”. “Trata-se, afinal, de empresa que, de acordo com os investigadores, destacava um departamento para cuidar das propinas; não custa lembrar que uma planilha apreendida em março na casa de um ex-executivo lista possíveis repasses a mais de 300 políticos de 24 partidos”, disse o jornal.

Entre os nomes vazados pela revista Veja, estão o do ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), do secretário Moreira Franco (Programa de Parcerias de Investimentos) e do senador Romero Jucá (PMDB-RR). Eles negam irregularidades.

Parceiro de Temer no golpe, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara dos Deputados, disse por meio das redes sociais que a permanência de Moreira Franco no governo é insustentável. Disse que acha difícil o “cérebro do governo” continuar no cargo: é “raposa no galinheiro”, disse.

Desde o início do processo de impeachment contra a presidenta eleita, Dilma Rousseff, a aliança Temer-Cunha, juntamente com a grande mídia, garantiram a paralisação do Congresso. Durante os três meses que antecederam a saída de Dilma, por exemplo, não houve nenhuma tramitação de projeto na Câmara e, antes disso, as medidas de ajuste se transformaram em pautas-bomba. Agora, que o feitiço virou contra o feiticeiro, Temer não gostou.