SSA: Comissão Política do PCdoB aprova documento sobre eleições

A Comissão Política Municipal do PCdoB se reuniu, na última quinta-feira (06/10), para discutir, principalmente, o processo eleitoral que liderou este ano em Salvador. Pela primeira vez, um quadro comunista foi cabeça de chapa majoritária na disputa eleitoral da capital, com a candidatura de Alice Portugal.

Do encontro, foi elaborada uma resolução que analisa as eleições, o cenário político, e aponta caminhos para a atuação dos comunistas em Salvador. A íntegra da resolução pode ser lida abaixo:

Resolução da Comissão Política

1- A eleição de 2016 é um marco na história do PCdoB em Salvador. Pela primeira vez, o partido foi cabeça de chapa, exercendo protagonismo na disputa eleitoral mais dura dos últimos anos. Apresentamos ao eleitorado de Salvador o nome da nossa deputada Alice Portugal para prefeita e Maria Del Carmen, vice, numa coligação de centro-esquerda formada por cinco partidos: PCdoB, PT, PSD, PSB e PTN.

2- As forças de direita avançaram sobre o governo democrático e popular constituído há doze anos no Brasil, sob a liderança de Lula e Dilma, e interromperam bruscamente essa experiência. Um golpe de estado pôs fim ao mandato da presidenta Dilma Rousseff e mergulhou o país numa onda conservadora com aspectos fascistizantes. O consórcio midiático, policial, jurídico, articulado pela oposição PSDB/PMDB e seus aliados, fez da operação Lava Jato um instrumento de ataque sistemático ao PT e ao campo democrático. Prisões espetacularizadas de lideranças petistas, ao arrepio da Lei, durante o período da campanha eleitoral, tiveram um efeito deletério na base eleitoral de esquerda Brasil afora.

3- O contexto nacional marcado por intensa crise política e econômica influenciou decisivamente nas eleições no país, e Salvador foi impactada. Aliado a isso, a nossa candidatura enfrentou um dos candidatos mais ricos do país. ACM NETO, o principal aliado do governo golpista de Michel Temer na Bahia, teve seis vezes mais recursos que todos os seus adversários juntos. O forte poder econômico de um lado contrastou com a escassez de recursos no nosso campo.

4 – Uma campanha em tempo tão curto não permitiu que esclarecêssemos à população a verdadeira realidade de Salvador, bem distinta da propaganda oficial. Assim, ancorado numa popularidade decorrente da manipulação da opinião pública, o prefeito conseguiu a reeleição.

4- A nossa jornada foi altiva e realizou o debate defendendo o resgate da democracia no plano nacional, o legado dos governos Lula e Dilma. Apontamos também os principais problemas de Salvador, a exemplo do desemprego, da falta de investimentos, drenagem e infraestrutura. Denunciamos a desigualdade social, a ausência de política habitacional, a falta de creche, saúde e cultura progressista, assim como o grave problema da mobilidade urbana e a carência de políticas públicas de inclusão social das mulheres e negros e LGBTs.
5- A chapa Alice/Maria-65 obteve 193.102, 14,55% do eleitorado. As demais candidaturas que disputaram no campo da oposição tiveram desempenho pouco expressivo. Pastor Sargento Isidório obteve 114.291, o que corresponde a 8,61%; Cláudio Silva, 19.333 (1,46%); Fábio Nogueira 13.747 (1,04%); Célia Sacramento 3.079 (0,23%); Da Luz 1.731 (0,13%). Todas juntas não chegaram a 30% do eleitorado. A vitória de ACM NETO, com 982.246, correspondeu a 73,99% dos votos válidos.

6- A direção Municipal, com o apoio da direção estadual, conduziu o processo com maturidade e determinação. Foi estabelecida a principalidade da disputa majoritária, mas também foi realizado o debate e buscadas as medidas necessárias para a garantia da manutenção ou ampliação das nossas duas cadeiras na Câmara Municipal. A coligação proporcional com o PT e o PSD foi necessária e acertada para a garantia do apoio dos partidos aliados. Por isso, foi necessário enxugar a nossa chapa de candidatos a vereador e vereadora, e fizemos isso dentro dos limites das nossas forças. A tática de concentração revelou-se correta. Elegemos dois mandatos comunistas: da vereadora Aladilce Souza, com 7570 votos, e do camarada Hélio Ferreira, do Sindicato dos Rodoviários, com 8.815 votos.

8 – Devemos, agora, à luz dos resultados eleitorais e do cenário político adverso, preparar o partido para a resistência em defesa da democracia e estruturar em novas bases a oposição ao prefeito reeleito.